Acabei de voltar de Caraiva, um povoado no Sul da Bahia. Aqui compartilho minha experiência real com vocês.

Eu tinha ido para Caraíva em 2022, 4 meses depois da partida de meu querido pai. Muito triste ainda, fui sozinha e foi uma viagem mágica. Fiz passeios, conheci pessoas especiais, fui agraciada com momentos únicos (como um cachorro que não me largou até o último dia). Era para ser uma viagem sozinha, introspectiva, e acabei sendo acolhida por desconhecidos que fizeram a viagem muito especial. Mas o lugar, sempre repito nos textos de meu blog, ele te escolhe. Tem lugar que você não se sente acolhida, não se sente especial. Talvez para mim Trancoso não me agrade tanto. Mas Caraíva tem algo de especial.

Talvez Caraiva já virou um destino mais coxinha do que roots. Sim, as lojas tem roupas de bom gosto, mas milionárias. Dessa vez, não comprei nem uma brusinha. Os restaurantes estão quase o preço de Trancoso, com pratos saindo a 100 reais. Cada passeio você desembolsa pelo menos 125 reais (se for o de buggy) porque o de lancha até a praia do espelho vai te custar 200.

Dessa vez, eu fui em fevereiro de 2024, uma semana antes do Carnaval.  Dessa vez, foi  muito mais tranquilo. Reservei com um motorista que nos pegou no Aeroporto de Porto Seguro e nos deixou direto no ponto de Canoa para Caraíva. Em apenas 2 horas. Mas estava com 2 amigas, o que já barateou o transfer privativo.

Sozinha em 2022, fui de uber até o Cais, onde peguei a balsa até Arraial d´Ajuda, e chegando lá um organizador (Sombra) muito bom arranjou um taxi compartilhado com mais 3 pessoas que me levou até Caraíva.

Chegamos debaixo de um Sol do Agreste (o que não vamos reclamar, porque em São Paulo estava chuva sempre).

É uma delícia quando você chega no lugar e sabe de cor o que esperar. Uma canoa simples, uma estrada meio lamacenta na entrada, um caminho de areia fofa que deixa a batata da perna bem trabalhada.

Fiquei na mesma pousada (Corais do Sul), que apesar de simples, é digna e muito bem cuidada, com bombocados incríveis no café da manhã. Chegando meio dia, deu para curtir a praia, que é apenas 1 quadra do hotel (mas de areia fofa). O mar não estava belo. Com uma cor típica de rio que tinha invadido o mar, barrento . Mas a água sempre limpa e na Bahia, morna.

O que eu gosto de Caraíva é que ela ainda é bem democrática: tem as árvores que dão sombra o dia inteiro, e você pode ficar sem gastar um real, entrando no mar, descansando em sombra fresca com sua canga. Tem Beach Club que cobra 500 reais por pessoa (300 consumiveis, mas tem culinária bacana e estrutura de luxo).

E como boa paulista, a gente não dispensa aquela tardezinha com café meio gourmet e preços inflacionados (Da praia, mas dignos), para no final da tarde se refrescar com banho de rio e por do sol incrível.

Esse era nosso dia típico em Caraiva : café da manhã gostoso na pousada, praia e caminhada durante o dia , cafezinho com bolo no final da tarde, banho de rio, banho e troca de roupa, e saída para comer um prato bem feito em algum restaurante bom (Cachacaria, Odara, Comune).

Dispensamos as festinhas que rolaram por lá porque o sol cansa e trocamos a noite pelo dia. Mas tivemos acesso a uma festa (gratuita!) incrível, porque dia 02 era dia de Iemanjá, e assistimos uma linda cerimônia, com oferendas e barco ao mar, e um DJ tocando músicas brasileiras com um que de batida eletrônica.

Com amigas, a experiência foi outra, nem melhor nem pior, apenas diferente. Você tem altos papos enquando toma banhos demorados de mar, confidências enquando caminha, compartilhamento de pratos e comidinhas. Por outro lado, não tem aquela fluidez e espontaneidade para fazer mudanças repentinas no dia, como ir numa festinha ou conversar mais demoradamente com aquele casal simpático na praia.

Como paquera, eu não senti uma vibe. Achei que vieram mais pessoas em busca de dias bons de praia e talvez, uma droguinha. Não curto isso. Mas sempre, muitos grupos de mulheres, sozinhas ou em amigas.

Dessa vez, achei Caraíva mais cara do que em 2022. As lojinhas só tinham produtos bem inflacionados (até a feirinha de artesanato não compramos nada), os restaurantes também. Um simples hamburguinho tava 60 reais.

Também achei Caraíva bem suja dessa vez. Com muito lixo amontado em todos os lugares, latas e garrafas de bebidas por todos os lados, e mosquitos , moscas e insetos que dessa vez, realmente me incomodaram. Na primeira noite, uma barata gigante subiu na minha perna enquanto esperava meu sorvete na rua.

Por outro lado, o passeio da praia de Corumbau estava mais belo ainda que da outra vez, com um mar com todos os tons de verde, o Caminho mágico de Moisés, e uma comida deliciosa nos quiosques . Mas lembre-se de pedir o passeio sempre com a maré baixa.

Caraíva, ainda gosto de você. Voltarei quem sabe este ano.