Queria compartilhar com vocês meu final de semana passado e as sensações que tive. Um misto de paz e tristeza.
Pela primeira vez depois da morte de meu querido pai, minha família composta pela família do meu irmão (ele, meus sobrinhos, cunhada), minha mãe, eu, fomos numa viagem de carro para um hotel do interior de São Paulo, como fazíamos antigamente. Só que dessa vez, sem meu pai.
Fomos para Guaratinguetá, num hotel resort chamado Clube dos 500, que é bem digno, e ao seu lado tem um campo de golf magnifico. O hotel inclusive me lembrou minha casa onde vivi por 30 anos, pois tinha uma decoração austera (o hotel consegue ser mais velho que eu, foi erguido na década de 50!). Mas bem cuidado, tem quartos confortáveis, lindo paisagismo, piscinas aquecidas, lago e quadras de esporte, inclusive o beach tennis para os faria limers.
A viagem começou bem gostosa. Não precisei dirigir, afinal meu sobrinho e meu irmão assumiram os volantes. Nos encontramos em um ponto da Marginal Tietê e depois de quase 4 horas de estrada, chegamos a uma pequena pousada que refugia a Capela que meu irmão construiu com moradores de Alphaville. Uma paisagem gostosa, com muito verde, e comida caseira.
Estava um dia lindo, um céu de brigadeiro depois da chuvarada toda que pegamos na Bahia, e me perguntei se papai estava conosco. Acho que sim. Rimos e lembramos muito das histórias dele tudo.
Chegando no hotel, nos instalamos e daí… a coisa mudou. Cada um foi para seu canto.
Minha mãe gosta de ficar na dela, tirando as roupas da mala com a maior calma e separando as coisas e procurando nos mil saquinhos que ela leva (será que é costume das mães carregarem mil saquinhos?).
Eu fui perambular pelo hotel, meu irmão e cunhada foram para o lago, os xovens (meus sobrinhos e a namorada de um deles) foram jogar beach tennis.
Só nos encontramos no jantar, que foi servido a la carte, por conta da pouca lotação.
Depois um pouco de bingo, promovido pelo hotel, algumas risadas, e na hora da batalha de tranca, todo mundo se dispersou e ficou só eu e minha mãe.
No dia seguinte, cada um tomou café da manhã no seu horário, um fez caminhada, outros pescaram, um foi no campo de golfe. Minha mãe foi rapidamente na hidro e voltou para o quarto para arrumar as malas e juntar os mil saquinhos espalhados e guardados.
Nos reunimos no almoço, e depois de minha mãe fechar as contas do hotel, nos despedimos e fomos embora.
Foi um final de semana gostoso? Sim. Um tempo lindo, comemos comida caseira, nos exercitamos, vimos um lindo por do sol, respiramos ar puro. Não teve nenhuma briga. Nem leve treta, nem nada. Muita paz.
Mas de novo, me senti eu e minha mãe procurando laços afetivos que não estão mais lá tão fortes.
Eles, como um novo núcleo de família, tem a rotina deles, e a dinâmica deles.
São pessoas bacanas, eu não poderia ter uma cunhada mais gente boa e ética, meus sobrinhos são bonzinhos.
Mas senti que com a morte de meu pai, perdemos o centro da família, e com ele, o elo.
Não existe mais aquela reuniãozinha antes do jantar para tomar umas biritas e comentar do Palmeiras, da faculdade do sobrinho, da vida na casa nova, das piadas.
No local, era sempre eu ou minha mãe procurando por eles para fazer algo juntos, mas eles estavam entre eles e não conosco. Não é que eles nos expulsavam ou não sentíamos bem vindas, mas era o role deles mesmo.
Talvez eu por não ter filhos, não tenha a mesma liga. E minha mãe, por ser mais independente, também sempre foi mais individualista.
A minha tristeza que senti mesmo rodeada por minha família foi sentir que com a perda de meu pai e no futuro a partida de minha mãe, não haverá mais núcleo familiar. Apesar que eu gostaria muito de manter, e como já disse, não é que a família de meu irmão seja ruim, nada disso. Eles tem a vida deles e eu a minha.
O sentimento de sempre juntos, seja para o que vier, vem de mãe e pai. Não de irmãos e sobrinhos. Podem existir exceções, mas creio que a regra é essa.
Para quem estiver lendo agora aqui, e se você tiver ainda uma família com pais vivos e que você os ame, curta muito cada momento, guarde na memoria, faça fotos, vídeos. Não desperdice nenhum por conta de boy ou girl magia, saidinha com amigos, porque são essas memórias que vão te levar até o dia que você se for. São as mais preciosas.
Aos quarenta e tanto anos, eu finalmente aceito o que meu pai e mãe sempre falaram: os amigos se vão, mas o pai e mãe sempre fica.
E é verdade. Já não tenho contato com muitos amigos e amigas que foram meus irmãos de vontade por muitos anos. Mas o pai e mãe sempre estarão com você.