Faz muitos anos que eu viajo em meu aniversário. Eu considero uma data muito especial e muito sensitiva para mim, e comemorar em grande estilo para mim é viajar.

Todo ano eu costumava passar num Club Med, um resort na Turquia, mas onde só entra maior de 18 anos. O motivo? Bebida liberada e muitas festas. Coisa que falta aqui no Brasil, onde só tem resort dedicado a famílias. Não me leve a mal, mas como senhorita sem filhos, não me interessa pagar por área kids, monitores integrais, programação de terceira idade.

Depois da morte de meu pai, tenho feito muitas viagens com minha mãe e sobrinhos. Adoro. São viagens que vou me lembrar até o fim dos meus dias. Muita conexão, muito carinho. Mas são viagens de família, onde me dedico de corpo e alma para a alegria do conjunto.

Este ano, após tantos pós pandemia onde fiz viagens mais tranquilas (Boipeba na Bahia, Airbnb em Paris, Resort com mamis) resolvi dar a louca e reservei uma semana em Cancun num resort só de adultos

Foi um pouco de loucura e risco, afinal a temporada de furacões em Cancun e Caribe é exatamente nessa época, e na melhor das hipóteses, se não pegar um furacão que acabe com toda a viagem, iriamos no mínimo pegar uma boa chuva por lá.

Também não sabia como era um resort de adultos no México. Na Europa, são resorts voltados mais para públicos de amigos , onde há muita festa, bebida e azaração. Não é exatamente só para isso, afinal tenho muitos amigos panda (falarei desse conceito em outro blog) que querem ir para lá e relaxar na praia, tomar uma bebidinha e um bom café, e fazer esportes. Sem ter que pagar extra para ver xixi de criança na piscina, gritaria e correria no buffet. Amo família e entendo os pais e mães, mas o resort de vocês não é o nosso ideal. E tá tudo bem.

Vi alguns vídeos no YouTube que meio que nos assustaram: xóvens bêbados e escandalosos quase pelados fazendo dancinhas espantosas de mostrar até a alma na piscina.

Afinal, o México é reduto de norte-americanos com um gosto um tanto duvidoso para sutilezas de azaração e paquera. Acham que  isso é comentário de senhorinha pudica? Só pesquisem  Spring Break Cancun no YouTube. Vocês vão me entender.

Como os resorts tipo Adults Only fecharam todos no Club Med na Europa, resolvemos arriscar.

Daí a dúvida entre qual resort escolher: tem muitos resorts Adults Only em Cancun. Uns 20 pelo menos. Só cuidado para o pessoal solteiro que procura uma festa: muitos desses resorts são dedicados aos casais, que querem um cantinho romântico e quieto para suas luas de mel.

Então ficamos entre o Riu Party , o BreathLess, o Royalton Chic e o Temptation. Escolhemos o último pelo… preço. Honestidade aqui sempre.  Também vimos o review no Trip Advisor e Booking e as críticas eram muito boas nos itens que consideramos essenciais: limpeza dos quartos, qualidade da comida e festas.

Outra coisa que nos encucou e estávamos com um certo receio: o Temptation é considerado um resort liberal, ou seja, muita putaria e bacanal liberado? Um resort que tem essa temática é o Hedonist, na Jamaica, mas não obrigada, tenho medo. Uma porção grande panda habita em mim sempre.

Cheia de dúvidas mas animadas, embarcamos eu e minha amiga para Cancun na última semana de setembro. Fechamos o pacote completo pela Decolar, com transfer, passagem aérea pela Copa Airlines (com uma escala na Cidade do Panamá) e 7 noites no hotel com regime All Inclusive, pagamos 8.800 reais por pessoa.

Achei ótimo. Chegando em Cancún você já é abordada por muitas empresas querendo vender mil pacotes de passeios e transfer. Já achamos a empresa do transfer, BD Experience, muito boa, que nos levou ao nosso hotel em menos de 30 minutos.  Aliás, se posso dar uma dica de Cancun, escolha um que esteja na Zona Hoteleira, pois as distâncias entre os hotéis e atrações são grandes, e tudo se concentra por lá.

O Temptation hotel é um hotel reformado desde 2019, onde tinha outro nome, e agora tem a temática de um hotel moderno, ousado e jovem. No lobby, fomos recebidas com uma margarita (afinal estamos no México) e já ficamos espantadas com as fotos em Preto e Branco nas paredes de casais peladões. Eita!

Deixamos as malas no quarto (moderno, funcional, limpo, mas bem simples se comparados aos hotéis Riu e Iberostar) e fomos comer. O resort tem 7 restaurantes, sendo um de buffet e 5 de especialidades, além de uma cafeteria mara que funciona das 06 da manhã às 11 da noite.

Comemos um hamburguinho delicioso  e tomamos várias margaritas. O all inclusive é maravilhoso e necessário em Cancun mesmo.

De lá, já vimos o que o hotel prometia: a piscina é intitulada de Sexy Pool, porque o pessoal pode se vestir como quiser. Muitas mulheres de topless, homens de mini sunga. Estávamos parecendo as senhorinhas do resort com nossos maiôs e biquínis.

Contudo, já caiu o primeiro mito: não é sacanagem e putaria a céu aberto, liberada. Pode ter semi nudez, dancinhas bem provocantes, mas nada de fuc fuc em áreas comuns e a questão do não assédio lá é bem explicitado. Se houver confusão, os hóspedes são expulsos na hora. É expressamente proibido a interação a mais com funcionários, resultando na imediata demissão deles.

Isso é fantástico. As mulheres e homens se sentem livres a vestir e dançar como quiserem e se não permitirem, não há mão boba, nem forçação de barra. Funcionários também ficam bem na deles.

Com isso, o resort é 10 em democracia: tem jovens, tem pessoas de mais de 70 anos, tem magro, tem acima do peso. Claro, só não tem menor de 18 anos. Tem mulheres e homens belíssimos que vão lá para exibir seus corpos, tem gente meio caída como nós e caído como outros, que estão se divertindo na mesma moeda. Achei que tinha poucos gays o que para nós foi animador, porque né, não adianta admirar sem poder ter esperança.

Era as férias de sonhos: dormir num quarto bom, com cama e travesseiros decentes, um ar condicionado potente , tomar um café da manhã maravilhoso, curtir um mar de azul do caribe (e sim, pegamos sol e praia todos os dias! Apesar de pancadonas de chuvas passageiras), fazer passeios gostosos (mas falarei deles em outro post), tomar um machiatto competente na cafeteria do hotel, e escolher onde ir jantar, no italiano, no de carnes, no de frutos do mar, no japonês. E depois ir para  as festinhas do hotel que tinham um DJ ótimo e muita gente animada.

E pela primeira vez em muitos anos, era animador se produzir toda, se maquiar, sabendo que na festinha do hotel que tem toda noite, haveria possibilidades de olhares, de flertes, de paquera. As pandas aqui não renderam muito. Somos assim. Mas a arte da paquera continua viva!

Eu recomendo fortemente para quem puder,  e tiver o cacife financeiro para tanto, ficar uma semana em Cancun. Os mexicanos são leves, bem humorados, divertidos, e tudo fica mais feliz com uma boa margarita. Se for para o Temptation Resort, vai sem preconceitos e sem julgamento. Fiz muitos amigos por lá. Não faria o mesmo estilo de vidas deles, mas são gente boa e acolhedora. Voltaria fácil.