No último domingo, último dia de um feriado prolongado que não viajei, fui com uma amiga assistir à peça “Menopausa”, que está em cartaz no Teatro Claro do Shopping Vila Olimpia, em São Paulo.

Honestamente, fui sem muita expectativa, pois era um teatro de shopping,  e os atores são aqueles muito conhecidos do grande público e por isso, talvez estivesse esperando uma peça com aquele humor meio forçado típico de Rede Globo e piadas prontas.

A plateia era composta , visivelmente pelo tema, de uns 70% de mulheres acima de 40 anos, e 30% de homens idem.

Foi uma surpresa: o que começou como uma comédia morna com risos fáceis de piadas nada originais se tornou um tema para longa conversa e reflexão, que se estendeu inclusive num debate com atores e plateia após a encenação.

A atriz Claudia Raia se inspirou em sua experiência com a menopausa para criar a peça, claro que junto com outros autores, bem talentosos, para dar um toque cômico mas sem perder a importância do tema.

Para todas nós mulheres temos apenas 2 certezas quando nascemos.

  1. Um dia iremos morrer
  2. Um dia, iremos chegar na menopausa.

A peça aborda de maneira leve mas direta os efeitos terríveis que a menopausa provoca na mulher: depressão, fogachos que é quando a gente sente um calorão dos infernos de maneira inexplicável, perda de cabelo, dor de cabeça constante, alterações bruscas de humor, perda total da libido isso sem falar nos efeitos piores que é maior risco de AVC e Infarto fulminante.

Sem ainda esquecer aquele estigma psicológico do rito de passagem da “mulher fértil e procriadora” para a “mulher madura cujos frutos secaram”.

É um absurdo constatar que esse assunto é recente, que há anos nunca fez parte dos estudos de medicina nas universidades, e que ainda hoje é tratado pela população em geral como “frescura de mulher moderna, porque nossas mães e avós sobreviveram sem remédios e tratamentos e sem essa churumela toda”. Há décadas atrás também nossa expectativa de vida era bem menor. Temos que usar a tecnologia para nosso favor e bem estar.

A atriz iniciou o debate pedindo a plateia para expor suas experiências com a menopausa, ou o climatério, que é o início da menopausa e pode durar anos, para dar uma forma divertida ao debate. No final, ela conduziu a um assunto mais relevante e desafiador, que era da plateia expor suas experiências com os médicos sobre a menopausa e como eles dirigiam ou não a opções de reposição hormonal. Ela, como defensora fervorosa desse método, abriu claramente sua experiência e como ela ajudou no seu casamento, na sua vida.

Para os homens e xóvens mulheres que estão lendo aqui, a reposição hormonal por muitos anos foi vista como um mecanismo de mulheres fúteis e que estavam lidando com um potencial agente iniciador de câncer em seus organismos. A reposição hormonal de décadas atrás realmente podia desencadear no futuro alguns tipos de câncer e tinham efeitos colaterais.

Hoje, segundo a atriz, há novos tipos de hormônios que são mais modernos e pelo contrário, podem prevenir alguns tipos de cânceres. O que ela pediu a plateia é de se informar, ir em 1 2, 3 , 10 médicos quanto precisar para ela ter certeza do que é melhor para seu corpo.

Após a peça, eu e minha amiga sentamos num bar, pedimos uma porção de coxinhas e ficamos horas falando sobre as possibilidades de tratamentos e como seriam os nossos próximos passos de envelhecer, afinal estamos com 40 e tantos anos .

E que devemos sempre procurar os melhores médicos e sempre seguir o que é melhor para nós. Sem preconceitos.

Ficamos felizes em passar nosso domingo de fim de feriado não churumentas e caídas no sofá de nossas casas lamentando que não investimos uma fortuna numa viagem de feriado. Mas sim passamos 2 horas agradáveis e quiçá, transformadoras. Eu tinha uma certa preguiça de procurar informações sobre o tema menopausa e reposição hormonal, e agora vejo com maior naturalidade e até urgência para meu futuro bem estar.

A atriz, em dado momento da peça, disse que a arte tem que servir mais do que simples entretenimento e alienação passageira. Ela pode e deve ser transformadora. Palmas para ela e para os que acreditaram no projeto. Recomendo absurdamente, a todas as mulheres e inclusive os homens, porque estamos todos juntos no mesmo barco não é mesmo?

Beijo no coração.