Após muitos finais de semana e dias de confraternização com amigos e novas pessoas, eu estava pronta para viver essa experiência.

Reservei um quarto de hotel para mim só , em Maresias no Litoral Norte. A previsão era de sol mediano, uma delícia . Um hotel boutique charmosíssimo, mas longe da praia (mas com um valor ótimo em baixa temporada).

Não insisti para ninguém vir comigo. Minha meta era realmente ter alguns dias só, e ver se ainda gostava desse rolê de ficar sozinha por uns dias.

É diferente de uma viagem internacional, um resort, onde você tem muitas atrações, o que tira o foco de estar desacompanhada.

Seria uma viagem mais contemplativa, solitária mesmo.

Será que eu ia me dar bem? Comigo mesma? Olhar para tantos casais felizes (já que hotel boutique chama casais) e não me sentir só e vazia?

Afinal não havia muito o que fazer, além de praia, piscina e quarto. A cidade estaria meio deserta em baixa temporada, com poucos lugares abertos.

Numa manhã gelada de terça feira, peguei um ônibus rumo a Maresias (agora serei a tia que viaja em busão, adorei. 5 horas e meia no conforto, dormi a viagem inteira) as 07 da manhã . Adoro as paradinhas de meio de estrada em postos de gasolina com um banheiro salvador e salgadinhos de procedência duvidosa.

Cheguei pontualmente ao meio dia, e num sol de rachar coquinho. O bus deixa a gente bem no centrinho de Maresias, ou seja, em frente à praia.

 Sem companhia para rachar um taxi superfaturado de 70 reais por 5 min de corrida (é verdade esse bilhete), eu andei por 20 min debaixo de um mormaço absurdo até o hotel. Com parada em vielas de barro empurrando minha mala de rodinhas, cortesia do maldito Google Maps. Melhor dica? É perguntar o melhor caminho para o pessoal do hotel na véspera.

Cheguei de mal humor, suada, descabelada e já com as primeiras picadas de mosquito. Acho que o atendente já percebeu, e me ofereceu uma água saborizada para me acalmar.

Chegando no quarto, o hotel boutique era o que prometia, simples, mas charmoso e aconchegante. Sem parquinho de crianças, sem gritaria de manhã, um silêncio total. O Olisa Boutique Hotel fica meio longe da praia , uns 20 min a pé, mas com incríveis diárias a 400 reais, tem um quarto delicioso, branquinho (como tudo no hotel), amenities L´Occitane (versão brasileira), piscina aquecida convidativa, um café da manhã dos deuses, atendentes simpatissimos.

Já a primeira delícia de viajar sozinha: espalhar todas suas tralhas no quarto, afinal o espaço é todo meu. Enrolei uma vida para sair do hotel, pois estava tão bom depois daquela caminhada do terror e sem a pressa de ninguém. Quando cheguei na praia, já era passado de 15 hs e foi o suficiente para escolher a minha barraca nos próximos dias (tem algumas com ótimo serviço e que não cobram consumação mínima, como a da Martha). Pés na areia (mas creio que peguei um bicho geográfico tamanho a quantidade de cachorros defecando na areia), milho salgado, cerveja. Voltei feliz, cheia de picadas de mosquitos . Aliás, borrachudos é o que eu não estava esperando em Maresias, mas eles estão sanguinários esses pequenos filhos da puta. Estou me coçando até hoje.

Parei num mercado, fiz várias comprinhas (adoro estocar frigobar) de bebidinhas e salgadinhos, comprei um doce de pote gigante, voltei pro hotel. Ao entardecer, fiquei horas na piscina do hotel, aquecida, batendo um papo gostoso com os outros hóspedes. De noite, pedi pizza e assisti 4 episódios da primeira temporada de Sex and the City (TV com Netflix é tudo).

No dia seguinte, fui brindada com um café da manhã de rainha, com ovos mexidos temperados feitos na hora, panquecas americanas, tapioca fresquinha e uma torre de 3 andares de comidinhas especiais.

Como eu banquei sozinha a diária, me senti no direito de fazer uma bela marmitinha para a larica da tarde. Desculpa legítima, mas a verdade é que eu faço mesmo quando estou em dupla.

Mais um dia lindo de praia e sim, descobri que adoro ficar o dia inteiro na praia, comendo besteirinhas , tomando água de coco, olhando o céu e julgando as pessoas  que passam, olhar os peixinhos se movimentando na água.

Pensei muito na minha família. No meu pai. Em mim. Pensei em viagens antigas, em amizades que se foram.

Quase nenhuma interação com pessoas, pois o momento era todo meu.

Na verdade, teve uma pequena mas muito bacana interação com um casal que estava lá por acaso, nos seus 60 anos, e a mona me contou que teria a coragem de viajar sozinha pela primeira vez na sua vida para ver seu filho que mora nos EUA. Mantivemos contato e estou muito feliz por ela! Contei todas minhas histórias de viajante solo, o que a animou mais ainda.

E assim foram todos os 3 dias. Café da manhã dos deuses, caminhada até a praia, descanso total na areia, mergulho refrescante e regenerador no mar (acredito que o mar tem todas as energias positivas para nos curar de todos os males) , brisa constante e aquele solzinho de final de tarde.

Depois uma piscina aquecida aconchegante, um banho revigorante, um restaurante novo muito gostoso (descobri um novo hotel 5 estrelas chamado Duke, com um restaurante incrível beira mar), um sono tranquilo.

O que posso pedir mais?

Farei de novo muitas vezes essa escapada. É muito bom ficar sem conversar com ninguém, e se aprofundar em seus pensamentos e sua própria companhia. Sem distrações, você aprecia mais a natureza e percebe o que te faz bem.  Façam isso, por favor A vida é curta demais para não se conhecer e se amar muito bem. Beijos no coração de vocês.