
Caros, é verdade o que vou lhes dizer.
Agora estou me aproximando dos 50. Não esse ano, não o ano que vem, mas em setembro farei 48 anos. Em 2 anos, em tese deveria mudar o título do meu blog, 40 são os novos 20 para talvez 50 são os novos 30 (ou 20).
Oh década diferenciada essa!
Foi um turbilhão de emoções para essa descedente de japoneses pacata mas nem tanto: tive a pior emoção da minha vida (perdi meu querido pai), descobri tantas outras, fiz e desfiz grandes amizades, vivi grandes amores, fechei e abri empresas e parcerias.
Tem uma coisa que posso dizer com toda certeza agora: somos mais sábios. Definitivamente.
Talvez façamos as mesmas besteiras de décadas passadas? Talvez.
Mas nossa visão fica quase 360 graus. A gente amplia mesmo. Não sei como vou conseguir explicar, mas tentarei. E creio que as pessoas de 40 vão me entender.
Claro que estou falando de pessoas de 40 como eu, que foram de origem burguesinha (White girl problems, ou asian girl problems), e não de pessoas que tiveram que amadurecer muito cedo. Para essas pessoas, eu tiro o chapéu. Uma porrada desde cedo.
Aos 40, você começa a perder seus entes mais queridos. Pai e mãe, se você tiver ainda, você é uma grande minoria, ou teve pais jovens. É uma dor insubstituível: você perde o alicerce, o amor incondicional e eterno, a paz, o porto seguro (se você teve a sorte de ter pais presentes e batalhadores como eu tive).
Aos 40, você já trocou provavelmente de empregos, chefes, empresas, até carreiras. Já voltou ao corporativo, já cansou e virou coach, ou abriu e fechou negócio próprio. Já viu que empresa e chefe perfeito não existe, que existem pessoas pseudo amigas que sim, puxam seu tapete, e no final é tudo lei da sobrevivência. Mas que tem coisa boa pelo caminho.
Aos 40, já viveu alguns amores, já fez e desfez grandes amizades, já recomeçou sua vida de alguma forma. Já encerrou amizades que acharia que era para até o fim de seus dias, já fez amizades que talvez durem para sempre, talvez não.
Existe uma beleza muito grande nessa visão ampliada. A gente se sente mais sábio mesmo, mais do que os xóvens que tanto invejamos hoje pela xuventude e disposição deles que não temos mais.
A gente já consegue dizer não sem se sentir culpado, decidir sem olhar para trás 1000 vezes, e descobrir que uma sexta a noite em casa não é tão mal assim.
Para mim, consigo perdoar mais facilmente alguns poréns do cotidiano que antes me irritavam demais e ver que isso é mais problema deles do que meu (uma fechada de um carro no trânsito, um quase assalto, uma discussão besta de vizinhos).
Porque no final a gente finalmente aprende que:
– no final, tudo se resolve
– no final, depois de 5 anos / 1 ano/ 3 meses / 1 dia, você nem vai se lembrar dessa situação
– no final, vale cada minuto que você passa com seus entes queridos
E que a vida vale a pena.
Seja naquela tarde de metrô onde você conversou com um mano e a tiazinha e riram de chorar no vagão com desconhecidos sobre um assunto qualquer que nem se lembra mais. Mas que riu até doer a barriga, você riu.
Seja em uma conversa numa quinta à tarde com seu pai no hospital, onde ele falava pela vigésima vez como conheceu sua mãe e como ela era donzelinha. Sem saber na hora que aquela conversa seria uma das últimas.
Seja quando você , que nem conseguia se equilibrar numa prancha, conseguiu pegar uma onda e ir até a areia, sob aplauso de outros surfistas mais experientes?
E com essa visão ampliada? Se Deus me der mais 40, 50, 60, 70, 78 anos de vida pela frente, ahhhh o mundo será pequeno para nós.
Amo vocês. Beijo no coração. Aqui é Curintia.
Lindo ! Continue a escrever !
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