Olá solteiros convictos e invictos como eu! Seja por pura opção ou pela escolha da vida.

Quero aqui dividir algumas informações trocadas com um grupo de mulheres de minha faixa etária de 40 a 55 anos, como eu.

Nos reunimos numa confraria animada só de mulheres, e entre muitas taças de vinhos, conversamos sobre relacionamentos em nossa idade.

Nesse grupo tinha muitas solteiras, algumas divorciadas, uma até viúva, algumas casadas.

Discutimos sobre a tão universal questão de : “será que vamos encontrar nossa alma gêmea?”

Primeiro, já mudamos o foco: não é mais a alma gêmea. Daí seria pedir demais para o realinhamento do Universo, a mão de Deus. Alma gêmea é para pouquíssimos afortunados (ou não, dependendo da pessoa) entre nós.

Então já focamos em um parceiro de vida, no máximo. Não um parceirinho de uma temporada, de alguns meses. Alguém que a gente poderia pensar por longos anos, décadas, até o fim de nossas vidas.

O que seria esse parceiro de vida? Alguém para planejarmos as viagens de férias, de réveillon. De fazer alguns programas em família juntos. Sair de final de semana. Dormir de conchinha. Fazer uns bate volta à praia. Ter conversas mais profundas, mais abertas de quem já tem intimidade e se conhece há mais tempo.

E é aí que mora a tal da dona dificuldade. A essa altura do campeonato, talvez nem eu nem o boy tenha o saco e a paciência de fazer isso acontecer, de dar o tempo para maturar essa relação.

Porque? Porque não temos pressa. O relógio biológico já jogamos no lixo. E também não temos um projeto ambicioso de longo prazo. O que seria? Família. Construir nossa futura vida, nosso lar, nossa casa. Porque já construímos sozinhos.

A essa altura da vida, meu chapa, não teremos mini me nossos. Adotar seria uma opção, mas não, obrigada. E principalmente, aos 40, 50 anos, você já deveria saber o que você é.

Penso também que o povo que casou aos 20, aos 30, estavam formando sua vida, sua personalidade. Creio que fazia mais sentido ter mais paciência com o parceiro, até porque ambos estavam amadurecendo juntos, formando as idéias, aprimorando o que querem ou não da vida. Daí creio que o romantismo prevalesce, pois há esperança no amadurecimento ainda não descoberto de ambos os lados.

Aos 40, 50 anos, tanto o homem quanto a mulher já passaram por muitas porradas e muitas delícias de vida para saber o que querem agora. Muitos já perderam seus pais, amigos queridos, pessoas que se foram. Já encerramos amizades que nunca achamos que ia acabar, já tomamos punhaladas nas costas, talvez já demos as nossas, já encerramos empresas, etapas, trabalhos. Temos nossa bagagem de conquistas, arrependimentos, remorsos, culpa, lembranças boas e ruins.

E agora passados quase ou mais metade de nossas vidas, o tempo é agora. Chega de esperar.

Então compramos o carro de nossos sonhos, parcelamos a viagem sabática, compramos finalmente roupas que prestam, deixamos de só usar bijouteria e relógio da 25 de março. Ou se não conquistamos o conforto financeiro ainda, pelo menos temos o conforto mental de dizer não para coisas que não queremos.

É aí que mora a dificuldade de se dedicar e manter laços mais profundos de relacionamentos. Eu me tornei mais chata. Posso ser mais interessante sim, meu papo melhorou com certeza, tenho mais afirmação, mais auto estima, menos recalque e menos insegurança.

Mas sim, senhores, eu fiquei mais chatinha. Eu não tenho mais aquele ar de eterna esperançosa e sempre pronta a conhecer pessoas e ouvir o que elas tem a dizer. Se numa rodinha de bate papo eu já não me identifiquei, eu saio na hora. Prefiro mil vezes ficar no conforto do meu lar do que ter que pegar trânsito, encher o rosto de maquiagem superfaturada, ir para um bar lotado (porque balada já foi né?) ,e sair frustrada porque não tive nenhuma conversa que valesse a pena ser lembrada.

E daí queimamos a largada com a maioria das pessoas que cruzam nossas vidas.

Eu digo que sim, conversamos com todo mundo. Ficamos mais sociais superficialmente. Conversamos na fila do supermercado, em eventos, estendemos papos, trocamos contato, mas a gente já fica na preguiça de estender o relacionamento, seja para a amizade ou amor.

E eu digo por homens e mulheres: nessa altura da vida já não aguentamos muito mais mimimi precipitados, joguinhos de sedução e perseguição. Se já sentimos que há um quê de vício em algo ruim (jogos, drogas, mentiras, traumas) a gente já pula fora. Pode até continuar a tirar uma casquinha do outro, mas apego emocional a gente já bloqueia.

A diferença para o pessoal do passado é que a gente nem tinha tanta bagagem emocional para lidar.

Também na casa dos 20, 30 anos, a possibilidade de ter filhos estava lá, até para quem não era aficionado por família, então tinha algo além do relacionamento amoroso.

Enfim, o tom no grupo era meio de desesperança e ao mesmo tempo, uma resiliência perigosa de ficar acomodado nos casos fortuitos e passageiros. “Se o certo não vier, vamos nos divertir com os errados”. Será mesmo? Estou curiosa para ver como serão os próximos 5 anos. Beijos no coração de todos os solteiros. Ainda tenho uma pontinha de esperança. Encontrar um chato de galochas que nem eu para jogar tranca no futuro e reclamar da geração Z.