(Março de 2019) Como era período de Carnaval (2019) pagamos um valor milionário pela passagem de voo direto Guarulhos (SP) a Santiago, num voo sem escalas de 4 horas pela Latam. Foram R$ 3.200 por pessoa, com direito a uma agua e bagagem de mão. Sem biscoito água e sal e café? Pago à parte.
Já de cara, percebemos que o Chile, apesar de sua fama de país em situação econômica melhor do que a do Brasil, ainda tem traços de país de América Latina: um aeroporto moderno e suntuoso, mas repleto de taxistas malandros e talvez, bandidos. O ideal é pegar só o taxi credenciado pelo aeroporto, assim como Uber. Preferimos chamar um motorista que fez corridas para nossa família em 2017, e prontamente nos levou ao hotel Mandarim Oriental. Apenas uma ressalva: apesar de um atendimento primoroso, o Mandarim de Santiago não é ainda o Mandarim… antigo Grand Hyatt, foi comprado pela rede mundial e está em reformas para se tornar um. A area de piscina está bem datada, e a academia foi improvisada em 2 quartos. Para compensar a “gambiarra”, ganhamos um ótimo vinho e uns macarons phynos como cortesia de boas vindas. Fora que a vista do quarto é fenomenal, com a Cordilheira dos Andes. O shopping Parque Arauco virou nosso fim de noite todos os dias, repleto de lojas famosas e grifes, e com vários restaurantes (nenhum muito digno de nota, pois nenhum é local e são todos de rede, como o PF Chang e o Vapiano), mas a vantagem é que ficava a 2 quadras de nosso hotel.
Com nosso fiel escudeiro e chofer Sebástian, fizemos um city tour de umas 3 horas pela cidade e vimos o que tem em qualquer metrópole: bairros com super casas (nosso Jardim Paulista), bairros com muitos aptos modernos (nosso Itaim), bairros muito pobres (nosso Itaquera), bairros moderninhos com lojas hipsters e grafites (nossa Vila Madalena). No final, paramos no Mercado da Cidade para comer a famosa Centolla, um caranguejo gigantes que parece uma aranha vermelha e cheia de espinhos. Não se vende o bicho em todos os lugares, e o mercado e os restaurantes ao redor são os poucos que oferecem. Admito: muito caro (quase 300 reais pela menor delas) mas serviu tranquilo 3 pessoas e muito gostosa. Prato de turista mesmo, aliás, todos bem bobões como nós vestindo a carapuça de turista trouxa e tirando fotos e selfies mil com as pobrezitas das centollas. Fomos no Augustos, que é o restaurante mais recomendado de lá, e honestamente não é grande coisa. Além da famosa centolla, comemos uma típica paella chilena que mais parecia um mexidão de arroz totalmente sem gosto.
No terceiro dia, fomos fazer um passeio de dia inteiro a Vina del mar, que dá umas 2 horas de carro de Santiago. Passamos rapidamente por Valparaíso, que é uma cidade portuária sem graça e perigosa. Claro que tem seus pontos turísticos entre eles a famosa casa de Pablo Neruda, mas rumamos para Vina del mar, que sim, é bela e única. Prédios de gente rica margeando toda a costa, o famoso relógio de flores, e vários restaurantes a beira mar, quase todos engana touristas. Nos embebedamos com o pisco, famoso destilado local, e comemos machas a parmesana, um prato delicioso feito com um tipo de mexilhão local e muito queijo. Deu para dar uma esticadinha na praia, cujo mar é mais gelado do que o do Rio de Janeiro, e no Cassino gigantesco da cidade.
No final, ganhamos de brinde uma visita à uma das tantas vinícolas que estão no caminho de Vina del Mar. A que vai mais brasileiros é a Concha Y Toro, mas fomos em uma menor e menos conhecida, a Vilamar, que tem sua beleza. Piqueniques e almoços idílicos degustação são oferecidos em casas grandiosas e arredores lindos. Se eu voltar para o Chile, certamente quero passar uns 2 dias nessas vinícolas, que é um passeio bacana mesmo para quem não é chegado a vinhos.
No último dia, vestimos novamente nossa carapuça de turista e fomos ao SKy Costaneira, que é o prédio mais alto do Chile,e para falar a verdade, caro (quase 90 reais por pessoa) e dispensável. Vista bonitinha e só.
O shopping do Sky Costaneira por outro lado, é bem legal, com mais lojas e um mix mais acessível do que o do Parque Arauco. Fomos em supermercados locais, e lá constatamos que o Chile está de fato bem internacionalizado e tão cosmopolita quanto o Brasil. Eles têm redes como H&M, TopShop entre outras que não vingaram no Brasil (ou pelo menos não coragem de vir pelo alto imposto).
E a comida Chilena tem uma variedade boa de mariscos e frutos do mar. Não deixe de comer o famoso côngrio ou merluza, para mim, um dos melhores pratos de peixe que provei na vida. Mas peça dicas a um residente ou um local, pois não se come bem em todo lugar.
Barato? Longe disso, mas não é nada absurdo para os atuais padrões de vida brasileira. Eu diria uns 15% mais caro que o custo de vida Brasil.
Achei os chilenos simpáticos e com atendimento muito prestativo nos restaurantes e lojas. Aliás, de 10 a zero nos Hermanos argentinos.
Se eu voltaria para o Chile? Sem dúvida. Comida boa, vinhos bons e baratos, gente educada e prestativa. Segura sim, dentro dos padrões de América do Sul. Talvez uns 2 a 3 dias em Santiago (mas pagando a passagem 1/5 do que pagamos fora de temporada) e dias adicionais em Vina del Mar e numa vinícola bacana. Claro que o Chile tem outros lugares únicos, como seus resorts de neve, mas isso fica para uma próxima viagem.