
Mulheres (e homens, que por uma feliz descoberta, vejo que têm lido meu blog) do meu coração, venho aqui bater pela enésima vez na tecla de “sejam felizes sozinhos”.
Tive essa semana mais um momento de iluminação de minha mente. Aliás, tenho tido muitos momentos desde a repentina morte de meu querido pai.
Aprendam a ser felizes sozinhos e sozinhas, seja numa viagem, numa ida a um restaurante, em uma noite de sexta chuvosa com Netflix e vinho.
Não dependam das pessoas como se fosse um predicado para ser uma boa pessoa e viver bem.
Com isso, não estou dizendo para todos nós virarmos ermitonas e como Greta Garbo, “i want to be alone”.
Aprendam a desenvolver a felicidade de ficar sozinha e se conhecer. E daí você poderá selecionar as companhias que só vão te agregar em sua jornada.
O relato abaixo é longo, mas garanto que vale a pena a leitura. Foi muito pensado, com confidências muito íntimas de meus últimos meses. Espero que possa dar uma luz em vocês.
A morte de meu pai me fez repensar sobre muitas prioridades em minha vida.
E também de como o tempo é precioso. Principalmente o tempo que você gasta e investe com outras pessoas, sejam amigos, amores ou familiares.
Durante uma vida inteira a gente se relaciona com amizades e familiares tóxicos, para depois acordar um dia e se perguntar porque não rompeu o elo antes.
Dizem que depois de uma tragédia pessoal, as pessoas tendem a ser pessoas melhores. Eu digo além: aprendemos a sermos pessoas melhores. Para nós mesmos.
Quem me conhece há tempos pode ter notado que eu tenho me tornado uma pessoa mais melancólica, mais impaciente, irritável e acima de tudo egoísta.
Não são adjetivos considerados bons. Principalmente vindos de uma pessoa que costumava agradar a todos, fazer a vontade das pessoas, trabalhar para facilitar a vida do outro.
Desses adjetivos, talvez a melancolia seja passageira. Mas irritável e egoísta talvez persista em mim.
Se perguntem a si mesmos: quantas vezes você já teve uma experiência chata e amarga, seja num encontro, numa viagem, numa conversa, com pessoas que você talvez até conheça algum bom tempo, e ainda assim insistiu na continuidade desse laço de amizade ou relacionamento porque se deu desculpas como : “é só uma fase” “essa pessoa passou por muita coisa na vida” “ela tem outras qualidades boas que vale a pena” “amigo/namorado/ parente a gente tem que aturar às vezes”?
Eu já fiz milhares de vezes isso. Por pessoas que são muito agradáveis, divertidíssimas em alguns momentos, que sabem das melhores coisas da vida, os melhores lugares onde ir, companhia certa para viajar e comer bem.
Ou apenas é uma companhia certa.
Contudo, sempre tem algo errado. A pessoa não está alinhada com seus valores. Falta uma certa ética. Talvez ela dê uns canos, trate mal garçons, tenta te fazer culpada por não chama-la para todos os eventos, faça fofoca sempre sobre os outros (e por consequência, sobre você também).
O certo, a gente sabe o que é: em dado momento da vida, a gente deveria se afastar dessas pessoas. O caso é que a gente demora, e talvez nunca agimos.
Essas pessoas são as que talvez te acompanharão até o final da vida, vão no seu enterro, para depois falar mal de você pelas costas.
Antes um funeral com poucos amigos que vão chorar de verdade por você do que uma plateia e mural cheio do facebook perguntando qual foi a causa da sua morte.
E porque é tão difícil de sair desses pequenos relacionamentos abusivos?
A gente quer ser política. A gente escuta de todo podcast de longevidade que ter amigos prolonga a vida e o bem estar. A gente quer ter amigos para ser agradável, sociável, sermos pessoas alegres e que valem a pena estar perto. Ou pelo menos parecer no Instagram.
Falemos a verdade. Quando conhecemos um boy, já vamos xeretar na rede dele, se tem foto com amigos, com colegas, com família. Porque ter muitas fotos dele com amigos e familiares é um predicado de gente direita, gente boa.
Já conheci cara que é gente super boa e só posta dele (ou para preservar a família ou porque não precisa postar toda hora) e cara que é um pilantra em todos os sentidos e vive postando foto de galera, brother, família e tal.
E para quem como eu vive sozinha há um tempo, e não casou, não teve filhos, a rede de amigos é uma segurança, talvez até maior do que a familiar.
Então perdoamos algumas patadas, outras desavenças, desaforos, para termos laços mais fortes. Mas nem todos valem a pena ou nosso tempo.
Eu aprendi e ainda estou aprendendo a ser feliz sozinha. Uma querida amiga me perguntou se fazer a viagem acompanhada não é melhor do que sozinha. Eu disse a ela: são 2 tipos de viagens e cada uma vale a pena, se for com a companhia ideal.
Vale a pena fazer a viagem em companhia se ambas as partes forem gentis, generosas, e esforçadas em fazer sua companhia ser o mais agradável mesmo em circustâncias adversas (afinal, viagem pode dar ruim: doença , cancelamentos, tempo ruim, roubos)
E também só vale a pena viajar sozinha se você é generosa consigo mesma. Cuida de seu corpo e de sua mente. Não é loucona para se meter em roubadas que poderiam ter sido evitadas. E se essas roubadas acontecerem, ser gentil consigo mesma, se perdoar, aprender rápido e bola para frente.
De todas as lições que aprendi aos 40 anos, essa é uma das mais importantes que posso deixar para vocês: aprendam e treinem a felicidade de ficar sozinho. De poder ficar com seus pensamentos, de planejar um futuro, de repensar sobre projetos e relacionamentos.
De aproveitar um vinho xexelento de doce porque você no fundo gosta, de assistir uma temporada inteira de uma série ruim de Netflix, de ficar explorando um bairro de sua cidade em um sábado sem compromisso com horário e entrando em todas as lojinhas, cafés ou bares que tiver curiosidade.
Assim, você aceitará pessoas em sua vida somente que fazem o bem para ti. Elas não precisam ser divertidas o tempo todo. Talvez nem as mais generosas. Mas são boa alma, não fofocam para o mal sempre e o mais importante: você sente que elas querem o melhor para ti e torcem pela sua alegria.
Beijo no coração. Somos todos um.
Eu sempre vivi a solitude plenamente, mas a solidao é uma coisa horrenda! Eu acho que esse seu momento é de exercitar a solitude, pelo q pude entender. Muitas pessoas precisam aprender a viver e tirar proveito dela. Mas eu estou cansada da solidao. Estou numa fase afastada do trabalho, por Burnout. Me mudei para um lugar q conheço muito pouca gente. Sou uma pessoa alegre, animada e divertida… e com o passar dos anos, suas amizades primeiras, casaram… mudaram seus circulos, foram pra igreja, morreram, etc…
Fazer novas amizades com essa qualidade que vc relata, e com gostos mais parecidos com o nosso, é bem dificil!!! Quanto mais solitaria fico, mais depressiva, pq o ser humano é um ser feito para ser sociável. As vezes quero companhia para viajar, mas a pessoa nao tem tempo, ou nao tem dinheiro, ou o gosto é completamente diferente do nosso. Vamos combinar q ir ao reataurante só é horrivel. Eu passei 15 dias na Riviera Maya, literalmente padeci no paraíso.
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Oi Isabella.
Olha, nas primeiras vezes confesso que ir sozinha a um restaurante era esquisito, a gente se achava julgada por outras pessoas, não tinha interação, parecia que seríamos as tias solitárias que ninguém suporta.
Com o tempo, eu fui adquirindo um prazer em ir jantar sozinha, exatamente para saborear um novo prato, curtir a atmosfera do lugar em silêncio.
Esses últimos anos tenho ido bastante viajar sozinha, mas creio que o segredo é viajar para lugares que tenha muitos viajantes solos. Eu evitaria talvez resorts e cruzeiros, onde tem muita galera.
Em 2022, fui sozinha para Boipeba, Morro de São Paulo, Itacaré, Las Vegas… e foi maravilhoso, fiz amizades, conheci muita gente que como eu, estava viajando sozinha.
às vezes, até ir para uma praia perto de sua cidade sozinha, vale o exercicio de adquirir o prazer de estar sozinha.
Eu, como você, me considero uma pessoa bastante sociável e gosto de estar entre pessoas.
Há uns 15 anos eu vi meu circulo de amizades ficar mais raso, exatamente porque as pessoas se mudaram ou casaram. Contudo, é um ciclo que se renova: pessoas casam, se separam, conhecemos outras pessoas.
Tenho amizades de 30 anos que ainda tenho contato, embora não tão presente.
Tenho amizades de 2 anos que é como se conhecêssemos há 30.
Não desista de ser feliz sozinha. Tenhamos espaço sim para as pessoas, mas se conseguirmos ser felizes sozinhas, o resto que vier é lucro. E quando é assim é muito mais fácil e despretensioso.
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