Admito que o ano de 2022 passou para mim como uma incógnita, uma passagem obscura na minha vida.

Entre os primeiros sustos de saúde de meu pai , a internação dele e sua morte, se passaram 8 meses de calvário, para ele e para todos que o amavam.

Passei  pela tormenta, sofri, cuidei (nunca saberemos se foi o suficiente), chorei, dei mimos para ele, muito carinho e compaixão e todo o amor que ele merecia.

Depois? Eu praticamente deletei esse período da minha vida. Para poder seguir adiante e viver.

Existe o luto que a gente passa, e todo dia eu tenho uma memória, um aperto no coração. Mas não deixo isso me abater para a vida.

Para mim, foi muito importante mentalmente pensar o menos possível desse ano, e se concentrar nos prazeres e viagens que tenho programado para o futuro e presente.

Se em 2022 eu passei como um zumbi pela vida, pelas viagens e celebrações, em 2023 estou experimentando o despertar de alguns prazeres que tinha esquecido.

Em especial, existe alguns prazeres da vida de solteira que realmente só nós, solteiros, podemos entender . E para quem não está mais solteiro, aprecia mais ainda o que já não tem mais.

O PRAZER DOS PROGRAMAS ESPONTÂNEOS

Logo após a morte de meu pai, eu experimentei um período de solitude, onde passava os finais de semana na cama, no meu sofá, no conforto e segurança de minha casa. Mas dos meus 46 anos , depois de alguns meses, eu reagi. Como é bom sair para um programa noturno! E se for combinado de última hora, é ainda melhor!  Um convite para um pub no meio da semana. Uma baladinha porque é do lado de casa.

Semana retrasada, acabei indo numa baladinha de um grupo de conhecidos, mas não amigos próximos. Só fui eu, sem amiga a tiracolo, para ficar uma meia horinha. Fiquei 3. Bebi, fiz amizades, dancei, dei umas olhadinhas para os bofes, e voltei para casa leve e feliz.

Na última quinta feira, fui no parque dar minha corrida semanal, com a intenção de ir para a academia depois. Me deparei com uma estrutura montada para cinema ao ar livre no parque. Abortei a missão academia, voltei rapidamente para casa para pegar um agasalho, uma bebidinha e várias comidinhas e voltei para o parque para assistir pela décima vez  “Forrest Gump”. E adorei e me emocionei de novo, confirmando que o filme era bom mesmo e que o professor da ESPM que meteu o pau no filme só para vangloriar o concorrente na época de premiações Pulp Fiction (que também tem seu mérito) era um metidinho que não sabia nada de cinema.

O PRAZER DO ENCONTRO DE AMIGOS DO BEM

No período que estava em luto extremo pelo meu pai, também fiquei sozinha por uns meses. As pessoas, confesso, me irritavam mais do que o costume. Eu estava amarga.

Também foi bom para as pessoas terem um pouco mais de tato comigo. Eu costumo ser muito paciente e bonzinha, e os amigos, mesmo que não por mal, como o ser humano que tem seus cacoetes ruins, costumam abusar da nossa boa vontade. Dei umas patatas ali, outras ignoradas aqui, e para o bem e para o mal (acho que foi só para o bem), ou as pessoas aprenderam que comigo agora é mais cuidado, e outras já se afastaram.

Passada essa fase do extremo luto, eu voltei a sair com pessoas queridas que me fazem bem. Como é divertido a troca de bate papos, confissões, encontros sem hora para acabar. Com pessoas que não as via há um tempo. Com pessoas que falo semanalmente pelo whatsapp .

O PRAZER DE ANDAR POR AI

Voltei a ter gosto por descobrir novos lugares, novas comidinhas. Um sábado desses, passei a tarde inteira vagando por um novo bairro, entrando em todas as lojinhas e padarias que tivessem uma cara interessante, voltando com mil sacolinhas.

Costumo tomar meu café da manhã em casa, mas outro dia tomei numa padaria perto de casa, e mesmo sendo algo trivial, foi uma delicia. Ver gente, parece que eu estava em viagem. O misto quente da padaria é mais gostoso que o feito em casa, sem dúvida.

Visitei um restaurante vegano em pinheiros que era uma delicia, com muitos ingredientes novos para mim, e apresentações inspiradoras, de vontade de repetir em casa.

Visitei uma feirinha na Augusta com minha mãe, e apesar de não ter comprado nada, me lembrei dos tempos de faculdade que íamos no Mercado mundo mix e no Mambo Bazar garimpar peças baratinhas e ou de design único.

O PRAZER DE PEQUENAS VIAGENS

Tenho ido viajar muito. Meu pai adorava viajar, quando tinha saúde e disposição. Pegava o carro, dirigia até um hotel fazenda, ia descobrir novos restaurantes na cidade. Quando era solteiro e com algum dinheiro, não fazia luxos, mas viajou o mundo. Na época dele que era um luxo impensável, passou 30 dias no Japão. Aliás, ele nunca fez questão de comer em restaurantes Michelin ou usar roupas de marca, ou comprar uma casa num condominio Fasano ou Boa Vista, mas viagens ele sempre investiu. E viagens não é gasto, é investimento, como ele dizia sempre.

Tenho pego várias promoções de viagens, e fui para um hotel de luxo em Embu das Artes (não gosto da feirinha, mas adoro o hotel). Fui passar um final de semana em Poços de Caldas a pedido de minha mãe, e adorei (falarei dessas pequenas viagens em outro post). Passei 3 dias em Caraíva, uma delicia.

Existem viagens que podem ser feitas sem comprometer muito seu budget, e que fazem uma diferença enorme em sua vida. O site melhores destinos sempre anunciam ofertas de passagens e pacotes (às vezes pode ser furada, mas o hábito de pesquisar faz de nós mais alertas). O Zarpo anuncia resorts na promoção. A viação Cometa de ônibus divulga passagens com até 50% de desconto. Eu me prometi esse ano pelo menos uma pequena viagem por mês.

A  vida ainda é boa. E tenho meu pai comigo, toda hora, ainda. Para sempre.

Beijos nos corações de vocês. A vida continua.