20190106_112647

No final de 2018, eu e minhas amigas solteiras decidimos que queríamos um destino de final de ano com muita gente bonita solteira e azaração.

Pensamos em Trancoso, Itacaré, Praia do Rosa (lugar de gente linda que se pegam entre eles, nós reles mortais não), e daí minha amiga casada e recém mãe vem nos dar um conselho  COM TODA CERTEZA DO MUNDO: “meninas, vocês precisam pegar um cruzeiro curto pelo Caribe, all inclusive. Garantia de muitos homens americanos lindos e solteiros facinhos!”.

Animadas com a assertividade de nossa amiga, procuramos as opções de cruzeiros no Caribe. No final do ano, todos eram de 7 dias e meio voltado para famílias, então decidimos por um mini cruzeiro de 4 dias no inicio do ano, partindo de Miami, com paradas em Key West, Freeport Bahamas e Nassau.

Compramos  tudo pelo site da companhia Norwegian Cruises. Tem as informações em português e um call center no Brasil de apoio. Confesso que são meio desorganizados, não recebemos nosso voucher e nossas etiquetas de bagagem, mas munidas do número de nossa cabine e reserva, não tivemos maiores problemas em entrar.

CAMERA

Chegamos no porto em Miami ao meio dia do dia 03 de janeiro, e já começamos a monitorar a paisagem humana, como um drone de azaração. Famílias. Crianças. Casais idosos. Boys magia, a principio, nenhum.

A organização e checkin pelo menos dá de dez a zero no Brasil, pelo menos em Santos. Fizemos o checkin, passamos por toda alfândega  e em menos de 20 minutos  já estávamos dentro do navio. A entrada é como se fosse um finger de aeroporto, tudo coberto e com ar condicionado maravilhoso, já que a temperatura estava batendo nos 28 graus naquele dia.

img-20190106-wa0005

Quando chegamos no navio, já tive uma grande decepção: o Norwegian Sky, que escolhemos, é um navio pequeno, e certamente precisa de uma reforma urgente!  Toda a decoração e mobiliário está antiga e deprimente, e todas as áreas comuns acarpetadas possuem um odor desagradável, que não soubemos dizer se era de mofo ou cachorro molhado. Comparado com outra Companhia, a Royal Caribbean ou a MSC que operam por lá também, seus navios são bem piores.

De resto, as áreas de lazer e restaurantes são todas iguais em todos os navios: piscinão de ramos descoberta e coberta, hidromassagens que você precisa quase retirar uma senha para entrar porque são superlotadas, lojinhas  com produtos que parecem ter validade do século passado, um cassino cheirando a cigarro, um teatro, bares e restaurantes. Ah, a comida de navio, sempre farta e inesgotável.  Navio é uma viagem relativamente barata , já que todas as refeições estão inclusas na sua estadia. Em nosso caso, como estávamos focando um público mais adulto, todo o navio tinha direito a open bar, ou seja bebidas alcoolicas e não alcoolicas a vontade.  E para os gordinhos de plantão, tem comida das 06 da manhã as 03 da matina, já que além do café, almoço e jantar, o bandejão  está sempre aberto para  o lanche da tarde e da madrugada.

Aí vai um ponto a favor do Norwegian: eu achei a comida melhor do que a Royal e o MSC. Apesar de menor em variedade, a qualidade estava excelente, desde o bandejão até os restaurantes a la carte.

Outro ponto a favor da Norwegian: quase todos os atendentes são extremamente simpáticos e prestativos. No MSC já  tivemos muitos atendentes mal humorados e de má vontade, principalmente os italianos (exceto os  da Indonesia que são todos muito bacanas).

Bem, as 14 hs entramos em nossa cabine. Minúscula, apesar de não ter sido a mais barata. Para 3 pessoas,  era quase insalubre. Banheiro minúsculo, 2 camas pequenas e um sofá cama que dificultava a circulação de um ser humano. Magro. Mobiliário antigo, como todo o navio.

De noite, depois de um jantar gostoso e devidamente calibradas alcoolicamente, invadimos a discoteca (ou boate, ou balada, afe, não sei o termo atual) do navio. Cadê os bofes magia? Um monte de casal, com crianças inclusive,  e nenhum grupinho de solteiros. Daí pensamos que bando de trouxas somos nós em aceitar um a dica de uma amiga casada. Dica de 15 anos atrás.

Bem, somos brasileiras e somos guerreiras. Ficamos na balada até o fim (digo 02 horas da manhã).  Quase no final, avistamos uns bofes bonitinhos dançando animadamente na pista. Animados até demais.  Todos rebolando e dançando mais lascivamente do que baile de Funk no Brasil.  Adivinhem? Todos gays.  Daí vimos que todos os boys avulsos do navio eram gays. De verdade. Nenhum hétero. Quer dizer, no último dia uma de nós conseguiu se dar bem,  como achar uma agulha no palheiro. O resto do grupo? Todos casados. Ou gays.

Dai vocês me perguntam: E aí, vale a pena  esse cruzeiro no Caribe?

Eu respondo : Vale sim. Mas só se você for com a expectativa zero de achar um boy magia para romance. Talvez exista um cruzeiro específico para solteiros, mas pesquisamos todos e a melhor opção que se encaixava era esse, com  open bar. E realmente pouquíssimos sinais de boys magia à deriva. Claro que o navio pequeno é bom e coopera para o romance: se  você avistou alguém interessante no primeiro dia, é muito provável que vai encontra-lo  nos dias seguintes, em algum restaurante ou na boate.  Mas se a oferta for nula, você vai acabar encontrando mesmo seus amigos… e os bofes gays, que eram muito divertidos.

Para mim, e para minhas amigas, valeu a pena a viagem. Em termos de custo benefício, achei incrível. Pagamos  R$ 2.100 com todas as taxas e gorjetas inclusas. A acomodação dou nota 3, por ser pequena  e pagamos um mico terrível: por ser uma cabine barata, estava localizada no Deck 4, o que é ótimo por ser perto dos restaurantes e da saída do navio, porém as 06 da matina éramos acordadas por um barulho e um tremor ensurdecedor do navio atracando em algum porto. Não há sono pesado que resista ao treme treme. Dica: pague um pouco mais e fuja dessas cabines.

Tivemos 4 noites e 3 paradas: a primeira, em Key West, foi dispensável. Quase ninguém gostou, pois as praias são bem mais ou menos,e as lojinhas simpáticas e típicas de outras décadas foram substituídas por souvenires baratos e de qualidade discutível . Fomos em uma loja de doces típica do sul dos EUA, e achamos tudo caro e ruim.

A segunda parada, em Freeport, teria sido mara se o tempo cooperasse. Nublou o dia inteiro. Optamos por não pegar a excursão do navio, que era bem mais cara, e pegamos um translado para a Flamingo Cay, um clube com infra estrutura boa (banheiro e wifi),  e serviço de praia.

20190105_130939

Pagamos 14 dolares ida e volta e 5 dolares para entrar no clube. Cadeiras e caiaque são cobrados a parte. Compramos também um passeio de 45 minutos de lancha para ver Golfinhos, e pagamos 25 dolares. Achamos fraquinho.  O moço não pára em nenhum ponto para mergulho (ok porque estava meio frio) e a vista dos tais golfinhos é meio de “penetra”. Ele pára do lado de fora da cerca do lugar dos golfinhos e ficamos vendo eles pulando junto com os treinadores.  Achei que só valeu a pena mesmo  pela certeza de não pagar 200 dolares para nadar com os pobres dos golfinhos enjaulados e explorados e para ir para a outra praia oferecida pelo navio, que era a mesma coisa do Flamingo, só que mais selvagem e sem infra estrutura.

Sobre a atração dos golfinhos eu explico: é diferente você pagar um passeio para avistar baleias e golfinhos em seu habitat natural. Em Bora Bora no Tahiti, pagamos de bom gosto 150 dolares para avistar tubarões e arraias nadando livremente, sem cercas.

img-20190105-wa0036

No Caribe, acho uma exploração terrível com os animais: é como o Sea World, em Orlando. Os animais são mantidos em cativeiros e treinados para serem atrações. Já fiz essa atração com os golfinhos há uns 20 anos atrás, mas não faria novamente. Certamente é uma experiência emocionante  de nadar e interagir com animais tão fofos e inteligentes, mas é uma exploração cruel com eles.

A melhor parada, unânime pelo grupo, foi a última, em Nassau. Brindadas com um dia lindo de céu azul e limpo, vimos umas das praias mais lindas do mundo.  Fomos todas para o Hotel Atlantis, que é um colosso e referência do lugar, e cujas praias são públicas. Minha amiga pagou  um day use (nada absurdo, acho que custa entre 45 a 70 dolares) e se esbaldou com os aquários gigantescos, os santuários de tartarugas e arraias e tubarões.

20190106_125409

Eu peguei um passeio de barco (60 dolares)  para nadar de snorkel em um berçário de peixes das mais variadas cores e formatos.  Mas o melhor mesmo são as praias.  A na frente do Hotel é de sonho. Areia branquinha e fina que nem talco, água transparente e quentinha. Mar de Caribe mesmo.  As opiniões divergem quando se comparadas com as praias brasileiras. Claro que o Nordeste tem uma paisagem verde incrível e praias de tirar o fôlego, mas são belezas diferentes.  Foi baratinho para ir e voltar: 4 dolares cada trecho.  Existem muitos outlets de grifes como Cartier e Gucci  em Nassau, mas eu passaria reto por eles e ficaria na praia mesmo.

CAMERA

 

Em suma, por R$ 2.100,00 reais (claro que excluindo  como você chega e volta de Miami), tivemos 4 dias regados a passeios baratos e paisagens incríveis, comida farta e boa, bebida a vontade (qualidade mais ou menos ) , e muita diversão em grupo. Não encontramos nosso príncipe americano lá. Mas fizemos várias amizades com a gaiola das loucas. Valeu. Faria de novo numa boa.