traição

Antes que as queridas mulheres casadas que estão lendo este texto atirem as primeiras pedras: Quem me inspirou a escrever este conto são mulheres que abominam qualquer tipo de relacionamento extraconjugal e que ao descobrir que os bofes dos sonhos eram na verdade bofes mentirosos e casados, caíram foram do barco num piscar de olhos. Ok, algumas demoraram um pouquinho mais.

Estava eu num animado happy hour com a mulherada sexta passada quando surgiu o assunto dos tais homens casados. A maioria das solteiras se manifestou: é uma praga que anuncia o fim dos tempos. O Tinder, Happn e Pof estão infestados deles.

Uma amiga minha fez o relato dela: conheceu o bofe lixo num barzinho. Happy hour de dia de semana, boy do mercado financeiro, papo bacana, disse estar recém-separado. Do primeiro encontro, um sonho de princesa: o bofe tinha toda disponibilidade de horário, gentil e cavalheiro, falou da vida inteira dele, perguntou da vida inteira dela e pagou a conta num restaurante bacana (tem um conto no blog sobre porque devemos dividir a conta com o bofe). Animadíssima com o príncipe encontrado, não demorou muito para rolar o segundo e terceiro encontro… DAÍ…. Num passe de mágica a disponibilidade de horário do bofe diminui drasticamente… final de semana então nem no whatsapp ele dá as caras… Mas durante a semana ele está presente (diga-se: whatsapp e Messenger). Dá bom dia, boa noite, como está, passou bem o final de semana, estou com saudades de você, linda, meu anjo, maravilhosa, mil emojis de coração, mil emojis de buquês de flores.

Sair de novo que é bom nada. Num final de semana ele tinha viagem, no outro estava gripado, no outro ele ia para a casa da mãe nos confins do Judas.

Ah, se ver? Só se for de última hora num dia da semana e só poderia ficar 2 horas porque tinha que voltar para a casa. De repente surgiu os cursos, o trabalho pesado.

Bem, nem preciso parafrasear o livro de Diva Depressão: “Miga, deixa de ser trouxa”, né?

Como minha amiga tem ainda alguma dignidade e uma certa ética, bloqueou o boy na mesa do bar do nosso happy hour. E não voltou atrás até hoje.

Mas restou o rancor. Indignação. Ódio mesmo desses boys magia negra 100%.

Rancor porque o boy estava usando ela. A sugestão de rapidinha de 2 horas pelo menos as quengas ganham dinheiro por isso e não são enganadas.

Indignação porque tem uma mona que pode ser nós, nossa melhor amiga, que está sendo chifrada, idiotizada, sacaneada, e no pior dos sentidos fudida por um pilantra desses.

E ódio porque o cara ainda teve a pachorra de se fazer de bom moço, de cara que gosta de namorar, de que não gosta de putaria. Ela no primeiro encontro pensou por várias noites, que bom que finalmente encontrei um cara bacana.

Infelizmente, ela não é um caso isolado. Daí toda a mulherada começou a manifestar casos e casos de homens que, casados, dão em cima e insistem na maior cara de pau. Eu fico me perguntando se essa vagabundagem sempre existiu ou está pior porque atualmente as relações estão mais líquidas, menos comprometidas.

Claro que os aplicativos de paquera contribuíram muito para isso, mas não é uma doença grave da sociedade atual? Ou temos que aceitar e “ser menos chata” que o padrão agora é trair e aproveitar essa putaria?

Daí eu lancei uma polêmica: é culpa também nossa, não? Tenho muitas amigas queridas, éticas de certa forma, boa gente, e talvez vão me odiar porque estou escrevendo isso, mas o blog é para dar minha opinião pessoal mesmo. Estas amigas já entraram ou ainda estão em um relacionamento amoroso com um cara casado. Algumas foram dando corda para o mentiroso para ver até onde ele iria, outras realmente admitem que o cara é totoso e encaram mesmo assim. Algumas estavam apaixonadas, outras porque a situação era cômoda e agradável.

Vejam bem, não são quengas. São filhas de boa família, fazem caridade, trabalham honestamente e são amigas fiéis. E não são poucas. Se eu tivesse que defendê-las, mesmo tendo a parcela de culpa delas, eu as defenderia, pois são amigas e ponto final.

Algumas entraram nessa porque a maioria diz que faz o mesmo. Não percebeu no início (mentira…) mas depois virou algo muito forte para dar as costas. Outras dizem que homem casado dá muito menos trabalho, e você só fica com o filet mignon da relação.

E a consciência moral, mulherada? Cadê o apoio? Cadê? Cadê o pensamento na esposa que talvez não saiba de nada? Talvez ela seja uma grande pessoa. Talvez ela está chorando em casa porque desconfia do marido mas tem coisa a impedindo de tomar maiores providências. Pode ser o filho (e alguns casos, recém nascido), pode ser a família, pode ser a dependência financeira e emocional.

Bom, daí veio a chuva de comentários e defesas: “a mulher com certeza sabe e é conivente. Ela faz o mesmo. A mulher é uma bruxa mesmo, está tentando segurar ele de todas as formas. Eu sou a mulher da vida dele, não ela. Faz parte da vida. Não sou eu quem está traindo, é ele. Se ele não me pegar, vai pegar outra. Todo mundo trai, inclusive as mulheres”.

Será mesmo?

Olha, a maioria das minhas amigas e conhecidas que eram casadas e foram traídas não eram idiotas, nem bruxas, nem inocentes. Desconfiavam, mas não sabiam que o cara teria coragem de traí-las. E quando terminaram o relacionamento, elas ficaram devastadas. Foi para melhor? Sim, mas porque vocês tiveram papel de protagonista nisso? Não venham se esquivar!

E isso não é uma coisa tipicamente brasileira, é  no mundo todo. Conversando com uma amiga, seria muito mais honesto e menos hipócrita se as relações fossem abertas, poliamor, esses novos temas.

Não sou a maior santa de todas, mas tenho uma opinião e atitude muito forte sobre isso. Achei que estava sozinha nisso, mas no bar muitas mulheres são do mesmo pensamento. Se é casado, tchau. E se tivessem coragem, ainda printariam a conversa e mandariam para a esposa como um favor para ela (claro que daí pode ser genuíno ou pode ser pura vingança, né gentis). Mas daí já é outra longa discussão de atitude para um próximo conto.

Ah, e daí a discussão ganhou tons de comédia: planejamos mil formas de desmascarar o boy lixo. Tocaia na casa dele. Mensagem secreta para a mulher. Recados do tipo: eu sei o que você fez no verão passado. Quem sabe isso sai da comédia, vira um site bacana de busca ou mesmo uma empresa séria para desmascarar esses lixos?

Beijo no coração. Que as amigas casadas não passem por isso e que as amigas solteiras tenham a luz necessária pra enxergar que se o bofe lixo quer fazer merda, que não nos chamem para chafurdar nela.