
No fim de semana passado revi (pela décima vez) um dos meus filmes favoritos: “Memórias de uma mente sem lembrança – Eternal Sunshine of a spotless mind”,
Apesar de se encaixar como uma comédia dramática romântica, um tipo de filme que costumo fugir, é um filme marcante e maravilhoso na minha opinião.
Por coincidência, eu o revi após um happy hour (virtual, logicamente) com minhas amigas de longa data, regado a nossos vinhos e queijos preferidos.
Estávamos discutindo (como sempre) sobre as relações com nossos homens, e como a vida nos levou a escolher tal cara.
Eu tenho uma amiga muito querida minha, de verdade. Mas somos muito diferentes. Ela sempre me estimula a amarrar meu burro em alguém, a sossegar o rabo e arranjar um homem para chamar de meu. Nem que ele não seja perfeito, completamente apaixonado por você e vice versa. Ela diz que tendo a mente que você precisa ter um relacionamento sério, você encontra a pessoa certa. Ou melhor, a pessoa com os melhores predicados até agora, para te acompanhar para o resto da vida.
Fiquei pensando nos bofes que passaram pela minha vida. Alguns que fui verdadeiramente apaixonada, mas tinham problemas de caráter, lealdade, honestidade e para falar a verdade, certeza que não gostavam tanto de mim.
Pensei em outros, que não gostava taaaanto assim. Alguns eram bonzinhos (mas monstrinhos, longe do padrão de beleza ideal que tenho), outros meio zero à esquerda , e alguns sem muita personalidade , outros com muita personalidade até (para o mal, mas são estes, justamente os boys magia negra).
Como seria minha vida se tivesse insistido em algum desses? Certamente se fosse mais resiliente, ignorasse alguns defeitos (alguns pequenos, outros graves), ou assumisse que em vez de estar apaixonada, o certo é que ele seja bacana, estaria hoje casada e com uma companhia provavelmente que iria me acompanhar até o final dos meus dias.
Bem, voltemos ao filme: tem uma cena que quando assisti pelas primeiras vezes, nem cheguei a prestar muita atenção. É quando o protagonista vivido pelo Jim Carrey (aliás, um ator que não gosto, mas nesse papel ele está perfeito) fica se indagando sobre um relacionamento passado. Ele gosta absurdamente da protagonista, uma mulher louquinha e difícil (vivida pela sempre perfeita Kate Winslet), mas como é um cara que tende para ser mais acomodado, se pergunta porque não fica com a antiga namorada que era boazinha, que gostava dele.
A frase do pensamento dele ficou grudada em mim: “Eu deveria voltar para a Naomi. Ela é legal. Ela gosta de mim.”
No filme, ele encontra a personagem de Winslet e se apaixona imediatamente, mesmo no momento estando no relacionamento com a tal Naomi.
Seria o certo para ele e para essa tal Naomi de serem resilientes e juntar de vez? De abrir mão de paixões verdadeiras, que tiram o chão e a cabeça, e se redimir com um amor calmo e seguro? Ele de juntar com uma mulher que não dá aquele amor intenso, aquela vontade, mas que é cômodo porque ela é boazinha e gosta dele? E dela, de insistir num cara que ela gosta, mas é acomodado , e sabe que não gosta muito dela?
Fiquei imaginando as várias vezes que um cara esfriou comigo, e depois de alguns meses (alguns, até anos) veio com o rabinho entre as pernas querendo voltar. Pelo menos eu, nunca voltei atrás dos bofes que me recusaram, ou vice versa. Não é justo com eles.
Me dá arrepios. Isso porque eu me considero uma pessoa acomodada, gosto de uma inércia, gosto de planejar e da previsibilidade.
Mas ficar com uma pessoa, que de novo, é a melhor opção no momento e você sabe que ela não irá a lugar nenhum? Pela segurança, pelo conforto?
E se eu fui a preterida, e o bofe vem depois de meses, anos, como se tivesse procurando no lixo o que descartou?
Será que a vida não pode ser mais do que isso?
Talvez eu nunca encontre esse cara que me tire da previsibilidade. Talvez quando eu o encontrar, ele não goste de mim como gostarei dele. O risco existe, e não tenho mais 20 anos.
Bem, eu prefiro arriscar. Sei que nunca serei resiliente a ponto de como minhas amigas, encontrei um cara, casei com ele, e fim. Quero encontrar O cara, que me faça feliz, que seja apaixonado por mim, que seja bom caráter, e que sim, e principalmente, EU O AME e o deseje mais do que tudo, até do que comida boa.
Tenho esperanças, garotas. Afinal, não é este o grande combustível do ser humano?