Olha, na verdade não é tão logo ali… Paraty é meio Rio de Janeiro, meio São Paulo. 4 horas e meia (se não tiver transito) em uma estrada bem perigosa e sinuosa, passando por Ubatuba.

Separamos 2 dias inteiros pra ir. Chegamos na sexta bem tardinho, umas 21:30 da noite, mas como Paraty é muito boêmia, tem onde comer e beber depois das 22 hs (pelo menos em datas comemorativas, e a nossa era o Festival Bourbon Street de Jazz). A cidade estava cheia, mas não insuportável como achávamos. Talvez efeito da ainda pandemia (fomos em maio de 2022).

Deixamos nossa mala e o carro no hotel Pousada Bio, cujo dono Lucas é muito simpático e acolhedor bem como sua fiel cadela e escudeira Vitória. A pousada é simples e muito honesta, com ótimo custo benefício, e ainda nos ofereceu um café da manhã cortesia em uma doceria parceira próxima do hotel.

Uma dica: tente ficar em pousadas próximas ao centro histórico, pois você faz tudo a pé.

De lá, que é colada no centro histórico, fomos para um dos inúmeros barzinhos restaurantes abertos ainda. Uma raridade em São Paulo, mas talvez nem tanto em Paraty : promoção de caipirinha por 10 reais. Saímos de lá com o estômago cheio de porções de lula e peixinho frito e várias rodadas de caipirinhas.

Tinha ido para Paraty há muitos anos atrás, mas me lembrava vagamente das ruas charmosas do centro histórico. Mas ô trem difícil de andar essa ruazinhas de pedras. De salto e bêbada, nem pensar. Vai torcer o pé na certa. Traga apenas chinelos e rasteirinhas anti derrapantes porque além de irregulares as pedras ainda são escorregadias.

Mas o comércio é realmente uma delícia: cheio de lojas de artesanato, de cachaças e doces  , de barzinhos e restaurantes de charme  , e de sorveterias dignas.

De lá, assistimos alguns shows do Festival, que estava cheio, mas não insuportável. Gente do bem, que mesmo aglomerada respeita o outro.

No dia seguinte, fez um sol maravilhoso e contrariando todas as previsões de chuva e frio e mau olhado alheio, fomos brindados com um céu de brigadeiro e 24 graus , uma temperatura maravilhosa para quem saiu de São Paulo com chuva e 14 graus.

Acordamos cedo, pegamos nossas garrafas de vinho, e depois de tomar um café muito gostoso na doceria da pousada (admito que adoro um buffet de café da manhã, mas também pedir a la carte em um lugar é muito bacana também ainda mais com voucher), rumamos para o cais da cidade para negociar um passeio de barco.

Lá existem 3 tipos básicos de embarcações para os não milionários que não possuem iate como nós: uma escuna (que é o busão do mar, com música alta e muita bebedeira, para quem gosta é digno) , a lancha (que é mais rápida mas também não tem proteção do sol)  e o barco (que geralmente tem 2 andares, e tem lugar para sentar, sombra  e deitar ao sol, porém mais lento).

Optamos pelo último, e negociamos com desconto 350 para 4 horas (geralmente eles tabelam a hora em 100 reais na baixa temporada).

Ainda corri para pegar uma havaiana (sai de SP a 14 graus, não imaginei que em algumas horas estaria no mar nadando) e gelo e porque não, um espumante a mais porque o pessoal dos barcos sempre tem um cooler amigo para disponibilizar. Só uma dica: se puder, compre antes no mercadinho da cidade e não do cais, que mesmo simples, os supermercados são bem carinhos.

De lá, fomos fazer as paradas tradicionais de um típico passeio de barco no litoral carioca – paulista – um poço para ver peixinhos (que geralmente se chama saco do ceu, caixadaço, lagoa azul ou verde), uma praia gostosa para comer um petisco e tomar mais umas caipirinhas, e mais uma prainha para tirar fotos.

Chegamos no fim da tarde, exaustos depois de várias horas no mar (a maresia cansa) e vivos, apesar das muitas garrafas consumidas e vários quase tombos mortais. Ainda alcoolizados e munidos de uma coragem que só os semi bêbados tem, fomos bater a porta da Pousada Turquesa, exclusivíssima, charmosíssima e com diárias a partir de 2 mil reais.

Lá, eles pedem que você tire os sapatos para entrar nas dependências, e a entrada de não hospedes só é permitida quando os hospedes não estão, porque a prioridade é para eles, e privacidade total. Bacana. Chique.

Fomos pro bar e restaurante deles, e tudo muito especial: o atendimento muito gentil e delicado, os drinks deliciosos e com preço justo, o ambiente de um luxo que não ostenta, mas é natural .

De lá, um banho e depois mais uma pernada na cidade, e um jantar no Bartholomeu que é pousada, e um restaurante muito charmoso. Pratos excelentes, da carne até o risoto.

E mais shows do Festival. Dessa vez, a única solteira do grupo pediu arrego e foi pra pousada feliz e sozinha, comer o tiramissu tamanho festa que tinha comprado na noite anterior e beber um chá com gás para tirar a ressaca da champa do barco.

Para quem deseja paquerar, não vi muito esse clima em Paraty. Os gringos que me prometeram tbém não os vi. É um povo bacana, muito simpático e educado, mas sempre em família e casais.

Mas os shows foram ótimos para quem ficou.

No dia seguinte, saímos cedo para enfrentar as 5 horas de viagem de volta, e também porque iríamos parar no Lavandário, em Cunha.

Antes, também paramos no Olival, que é um lugar bacanérrimo para almoçar e fazer umas comprinhas de azeites especiais, queijos e comidinhas.

O lavandário é lindo: paga-se 20 reais de entrada, mas você tem uma vista linda de cunha, repleta de plantações de lavanda, de várias ervas (e muitas abelhas também)

Vestimos nossos vestidos esvoaçantes, nosso chapéu de blogueira para parecer que estávamos em Provence e fomos tirar fotinhos, com parada para tomar um chocolate e um cupcake aromatizados com lavanda e claro, fazer umas comprinhas de essências e oléos na lodjinha do complexo.

Com o carro cheio de cachaças artesanais, azeites, queijos e cheiros de lavanda chegamos em São Paulo já de noite no domingo cansados e felizes.

Cansativa a viagem? Sim, principalmente para quem dirige. Mas já vi que tem ônibus que chega direto em Paraty. Lá há uma variedade de pousadas para todos os gostos e bolsos, assim como opções para comer e beber. Tem desde o boteco que pagamos 10 reais pela caipirinha, até o Apotecário, que faz uns drinks muito simpáticos e autorais.

Tem desde a Pousada Bio que ficamos que é um ótimo custo beneficio até as Pousadas de charme, como a Turquesa e a Literária.

De restaurantes, tem desde os botecos até os restaurantes super charmosos e mais caros, como o Banana da Terra e o Bartholomeu. Todos dignos.

Dá para fazer passeio de barco quando tá sol, dá para fazer passeio de jipe pega turista mas que é bacana tbém quando o tempo não tá bom, dá para ficar de bobeira vendo as inúmeras lojinhas (só cuidado com as pedras!).

Paraty é tudo de bom.