Semana passada, estava eu em mais um evento da Confraria dedicada exclusivamente as Mulheres, quando fui indagada por uma convidada se as participantes tinham que ser solteiras. Dizia isso porque na lista de presença tinha um dado curioso, mas não surpreendente: de uma extensa lista de 30 mulheres, todas eram solteiras.
Respondi prontamente que não, que convido todas as minhas amigas casadas e mães para a confraria. Algumas delas sempre me respondem, dizendo que se interessam sim, e que ficam de confirmar. Até porque os temas abordados na Confraria são universais para mulheres solteiras e casadas.
Veio a tona, e claro discutimos no evento, sobre as mulheres que somem assim que firmam um compromisso com alguém. É triste, mas é uma realidade , principalmente brasileira.
Veja bem, não estou aqui para julgar ninguém nem criticar. Eu tenho amigas que entendo perfeitamente a ausência nos encontrinhos: acabaram de ter filhos, moram longe, trabalham longa jornada. Mesmo assim, posso dizer que exatamente são essas que sempre encontro uma vez a cada 3 meses, com bastante planejamento, mas ponta firmes.
Me refiro à mulherada que está com você, durante e todo final de semana, parceira de balada, de almocinhos e jantares e viagens, e quando arranja um boy, evapora. Some mesmo. Mal responde aos recados e convites e só reaparece quando é para convidar para o casamento ou aniversário do filho (ou termina com o boy).
Nisso, eu repito que sou uma feminista moderada: temos muito a aprender com os homens, e uma característica deles, é que geralmente eles mantêm o contato com os amigos, mesmo depois de comprometidos.
Claro que tem suas exceções, tem homem que desaparece também e tem mulher que continua a sair com amigas (eu fui uma delas), mas a regra geral é: sumiu, é porque tem bofe na parada.
Poxa, eu queria entender porque fazemos isso.
Quando eu namorei seriamente, queria ficar o tempo todo com o bofe. Mas eu tinha sim firmeza e comprometimento em sair com minhas amigas de vez em quando, conversar com elas por telefone, bater papo, desabafar, como sempre foi.
Tenho amigas que são estrangeiras e vieram morar no Brasil, e têm um comportamento bacana: são comprometidas, algumas até casadas, e saem sim conosco regularmente. Claro que não todo final de semana, claro que não parceiras de baladas, mas sim dão liberdade para o boy sair com a turma dele e se dão a liberdade de sair conosco, as amigas fiéis.
Porque fazemos isso? Sabemos que raramente a culpa é do boy. A primeira coisa que achamos é que o boy não quer que a mina saia sozinha sem ele. Balela. A minha confraria por exemplo, é durante a semana e somente de mulheres.
A verdade nua e crua é que nós mesmas nos fechamos quando arranjamos um boy para chamar de nosso.
Tá, vocês vão me dizer que a vida é de cada um, e cada uma decide o que é melhor para ela. Eu concordo. Mas também acho que devemos abordar esse assunto com mais carinho, vale uma discussão aberta.
Essa questão da mulher se fechar quando arranja um bofe tem muito do machismo latino. Não digo machismo dos homens. Tem muita mulher machista também.
Mas a longo prazo, a mulher é que sofre as consequências. Minha mãe foi a típica mãe modelo: dedicou sua vida aos filhos e à família. Se afastou das amigas, do seu círculo de conhecidos, e começou a andar apenas com a turma dos casados. Com o passar do tempo, os filhotes saíram do ninho. Meu pai continuou com o trabalho, com os amigos (que sempre manteve contato), com os hobbies dele. Hoje, aos 74 anos, com muita sede ainda de viajar e fazer programas de lazer, ela se ressente da falta de companhia. E todas nós sabemos que temos que criar filhos para o mundo, não para cuidar da gente exclusivamente.
Eu vejo o tempo todo amigas que nos procuram para sair porque surgiu uma brecha pra ela: o marido foi viajar, o namorado saiu para jogar futebol com os amigos. Nunca são elas que iniciam a brecha.
Existe ainda um preconceito claro da sociedade que pune a mãe “desnaturada”, aquela que não dedica sua vida total aos filhos. Deixou os filhos com a babá para curtir um dia de namorados com o marido? Sempre tem um apontando o dedo (meu pai é mestre nisso). Tem rapaz que diz que só quer casar com moça que não faça bolo de caixinha e que seja tão dedicada como a mãe dele foi.
Uma amiga minha lembrou um outro fato: de que as mulheres casadas passaram para o outro time. Agora as mulheres solteiras são uma ameaça ao novo estilo de vida dela, e principalmente ao seu marido ou namorado. Por isso preferem sair em pares, com amigos casados. Cruzes. Espero não ser ingênua ou idiota demais: será que a mulherada tá tão puta para ficar desejando o marido da amiga? Acho que é a exceção da exceção e não a regra.
Gostaria de terminar dando um recado para as monas comprometidas. Eu tenho amigas que são mães, são super felizes no casamento e saem conosco, as mulheres solteiras, regularmente. É saudável sim jantar, almoçar, bater papo, fora da sua rodinha dos casados. E o marido geralmente gosta e apoia a mona que faz.
E nós, as suas amigas que sempre estivemos com vocês, sentimos sim sua falta. Nâo é porque você casou que você ficou diferente. Para nós, seremos sempre amigas. Faça por favor um esforcinho de vez em quando de nos ver pessoalmente e não apenas por saudações no Facebook.
Também vale um recado para mim e para as monas solteiras: não se esqueçam das amigas casadas. Elas continuam lá, só não tem mais aquele tempo para nós. Convide-as. Quando eu tava namorando, percebi também que estava perdendo muitos convites para sair, porque as amigas achavam que eu não aceitaria.
Por fim, minhas meninas: mais vale alguns momentos de pura amizade com as amigas, sejam solteiras ou casadas, do que um bolo que não foi feito de caixinha. Beijo no coração de todas e de todos os maridos que entendem e apoiam a causa.