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Para mim, Nova York é a cidade mais linda no mundo. Eu tenho um encantamento com ela que é difícil de explicar, pois Nova York não tem aqueles palácios e monumentos históricos como Paris, nem o ar de megalópole como Hong Kong ou mesmo São Paulo.  Mas Nova York tem aquele charme de cidade grande peculiar, onde fumacinhas poluentes saem o ano inteiro dos bueiros e do meio das ruas, as casinhas de 3 andares com escadinhas e um subsolo suspeito que saíram de seriados norte-americanos, e farmácias 24 horas Duane Reade por todas as esquinas.CAMERA

Este ano, fui surpreendida com uma proposta de minhas amigas para passar um Natal e Ano Novo nos EUA. Sabe aquela pizza e vinho inocente de sábado para dar uma olhadinha nas passagens? Por culpa de um elevado teor alcoólico do momento e a facilidade de reservar tudo online , fechamos uma passagem com ida a Nova York e volta por Miami.

A idéia original era uma escapadinha em Miami no Ano Novo, talvez uns 6 dias. Mas daí fizemos as contas e vimos que se fôssemos para Nova York no dia 23 de dezembro, a passagem cairia para menos da metade do preço. Vimos os preços dos hotéis, que não estavam tão exorbitantes, e nossa viagem de 6 dias se transformaram em 19.

Contarei o resto da viagem, que inclui um réveillon em South Beach, um cruzeiro (pseudo) para solteiros nas Bahamas e uma fast trip a Orlando de 3 dias em outros posts.

Embarcamos no dia 23 de dezembro à tarde de Guarulhos, SP e tivemos uma escala rápida em Bogotá (estressante, pois foi o tempo de sair do avião e embarcar em outro). Aliás, apesar da Avianca estar em má situação financeira, com pedido de concordata e tal, o vôo foi tranquilo e pontual, e nenhuma bagagem extraviada, ufa! Nada a reclamar.

Chegamos em Nova York de madrugada, 03 da matina.  Daí vem a primeira dica: antes de ir para um lugar, sempre pesquisem na Internet sobre informações de como ir do aeroporto até a cidade.  Aeroporto é onde tem muitos oportunistas e mentirosos, e em NY não foi diferente. Vários homens nos abordaram oferecendo serviços de táxi por 120 dólares, dizendo que os SuperShuttles (vans compartilhadas que param nos hotéis da cidade) só começariam a operar a partir das 11 hs. Balela. Li que eram 24 horas. Só que no aeroporto de JFK, não vimos nenhum quiosque de apoio ao turista, e penamos para achar o contato das vans. Finalmente achamos, fechamos em 22 dólares por pessoa, e nos levaram ao nosso hotel em menos de 45 minutos. É um serviço seguro (muito mais do que os manos do taxi) e operam em quase todas as grandes cidades americanas.

Daí vem a segunda dica: certifiquem-se que vc estará disposta a ficar um dia sonambulando pelas ruas ou dormir no sofa do lobby do hotel até sua diária começar a contar, já que fomos pão duras e optamos por fechar o hotel no dia de nossa chegada. Só que a grande maioria dos hotéis americanos passam a contar a diária a partir das 15 hs ( no nosso hotel era a partir das 16 hs) e chegamos lá mortas de cansaço, sem banho às 05:30 da manhã. Se seu pique não permite isso, feche o hotel um dia antes, mesmo que você vá aproveitar apenas algumas horas.  Pelo menos, deixaram nossas malas no bagageiro do hotel, e fomos tomar um café , implorando para que nosso quarto ficasse pronto pelo menos até meio dia. Bom, entre 3 mulheres, instaladas na 34thStreet NA FRENTE da Macy´s  da Herald Square (a mega loja de departamentos), as 6 hs passaram num instante. Foi suficiente apenas para um café demorado e delicioso na Maison Kayser (boulangerie famosa em Paris e agora em NY com várias lojas), uma chegadinha na Banana Republic e na Uniclo.

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Passado o perrengue da chegada, deixo aqui minhas impressões sobre Nova York na época de Natal:

– Lotada de gente saindo pelo ladrão. Nova York é sempre lotada o ano inteiro, mas parece que todo mundo tinha ido para a Big Apple naquela semana. Lotada no Soho, nos monumentos, nos museus e na SALE da H&M. Nosso hotel, o Courtyard by Marriot Herald Square, era muito bem localizado, do lado de várias estações de metrô. Tínhamos como vizinhos a H&M, a Macy´s e uma loja gigantesca da Victoria´s Secret, mas era quase impossível caminhar entre um mar de gente. Para ir ver a tal árvore de Natal do Rockfeller Center então, era como ir para um Estádio de Futebol em dia de decisão de título. Todo mundo amontoado e juntinho para espantar o frio. Mas segura. Tenho um pouco de medo, sobretudo de terrorismo, principalmente em regiões ultra movimentadas, mas tinha policiamento em todo lugar.

– Frio até as canículas. Não chegou a nevar, o que foi ótimo, porque apesar da neve ser mágica, é lindo só em foto mesmo. Mas pegamos um frio de 2 graus com sensação de -2 e por aí vai. Quando fez 8 graus no último dia, quase ficamos de bermudas. No começo é uma delícia usar os casacões e se equipar toda, mas no terceiro dia você já está de saco cheio de vestir tantas camadas de roupas, fora as que você perdeu no meio do caminho. Explico: não dá para simplesmente se virar com um casaco pesado: você tem que vestir meia calça, várias blusas, tudo térmico. Depois vem as malhas, os cachecóis, as toucas, o tapa orelhas, as luvas. Nos lugares internos, você tem que tirar tudo, porque vira uma sauna. E ai de você se esquecer algum item: é gripe na certa.

Dica 3: lá nos EUA vende um saquinho mágico  baratinho de 1 dólar chamado Hand Warmers. Você sacode ele e ele fica super quente por umas 6 hs. É para colocar nos bolsos, mas eu colocava até no nariz para esquentar.

COMPRAS E LIQUIDAÇÕES: nas liquidações, decepcionou um pouco. Claro que Nova York foi feita para comprar e comer, mas esperava uma mega liquidação pós Natal, tipo uma black Friday.  Algumas lojas tiveram promoções incríveis, como a Macy´s vendendo botas de neve a partir de 34 dólares e a H&M  com preços ótimos (casacos super apropriados para frios intensos  a partir de 30 dólares), mas nada comparado com Orlando, onde o imposto é menor e os Outlets são imbatíveis.

Mas em termos de tendência e consumo, Nova York é imbatível. Desta vez, não planejei nenhum roteiro incrível de visita a lojas,a  não ser lojas de móveis para o meu trabalho. Só que em cada esquina você se depara com algo novo e bacana.

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Em uma rápida caminhada pelo Soho, me deparei com uma loja maravilhosa (e carinha) do MoMa (museu da arte moderna) e a Amazon 4 stars, que é a loja conceito deles, onde se vende de tudo um pouco e principalmente dos objetos mais procurados. Incrível, incrível, incrível.  Vai no Whole Foods, um supermercado bacanão orgânico que foi inclusive adquirido pela Amazon. Marcas que você nunca viu na vida, com embalagens uma mais linda que a outra.

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Não há um item onde você não ache algo completo e diversificado. Quer item de decoração e casa?  Vai na Bed, Bath and Beyond, ou na Williams Sonoma, ou na Pottery Barn. Quer itens descolados ? Urban Outfitters. Quer minimalismo oriental? Vai na Muji e a Uniclo, para mim, a melhor loja de roupas úteis e práticas.  Quer cosméticos? Tem a Mac, a Ulta e a Sephora (ambas multimarcas), a Ricky´s (que nem a Sephora mas com muitos produtos de cabelo), a The Ordinary (uma marca canadense com produtos para pele incrivelmente baratos), isso sem falar nas famosas farmácias Duane Reade , Walgreen´s e  CVS, todas 24 horas  e com todas as marcas mais populares que amamos, e com uma variedade muito maior que o Brasil.

A idéia era comprar pouco e economizar para arregaçar em Orlando e Miami, até porque  tínhamos que fazer um trecho aéreo interno de NY a Miami com apenas 1 mala. Mas não deu. Todo mundo dobrou de mala.

COISAS QUE SÓ TEM NO NATAL EM NY

Turista sincerona: desta vez não fui em nenhum museu. Que feio. Nem posso culpar as filas, porque as minhas amigas foram no Museu da História Natural e entraram direto, numa boa. Tava sem saco mesmo e as lojinhas e as ruas me chamavam.

Mas museu você tem o ano inteiro em NY. Bem, lojinhas também. Mas dedicamos grande parte de nosso tempo para ver coisas que só tem em NY no Natal:

– Decoração Natalina. Uma surra de decoração rebuscada e luzes chinesinhas por todos os lados. O Nova Iorquino gasta mesmo. A grande atração continua sendo a árvore do Rockfeller Center. Linda? Sim. Inesquecível nem tanto. Vale pelo conjunto da obra, pois tem a árvore, umas bolotas gigantes vermelhas no complexo, e o famoso ringue de patinação. Lotadaço. Sem falar nas vitrines e no térreo da Macy´s e da Bergdorf Goofman, e são de tirar o chapéu. Quer dizer, nem tanto, porque senão congelava o coco.

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– Produtos Natalinos. Suéteres de Renas  e bonequinhos de neve. Tudo tinha gosto de especiarias natalinas, como o pumpkin spice (abobora). Uma maravilha só.  Uma loja barata e de produtos gostosos para banho e corpo, a Bath and Body Works, tem muitos produtos formulados especialmente para esta época do ano. Enchi uma saca com 10 shower gels natalinos.

Mercados Natalinos – são as famosas feirinhas , as mais famosas são da Union Square e a do Bryant Park. Cheio de cacarecos, bijuterias fofas e de design (mas caras) e comidinhas. Um charme para passar uma hora passeando.

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Dica 04: cuidado para não acabar que nem a gente no dia 24. O dia mais importante para o americano é o Thanksgiving Day e a véspera de Natal. Isso significa que quase tudo fechou às 06 hs da tarde, inclusive a maioria dos restaurantes, que só trabalharam com reserva. Para não acabar ceiando um sanduba da farmácia, fomos para a Times Square. Tudo fechado. A única opção foi o Planet Hollywood, caidaço. Passamos fome com uma pizza desmingulida com 1 gr de mussarela e meia dúzia de turistas (brasileiros).

 

COMER – Como sempre, Nova York me surpreende. Mesclei alguns lugares já queridos no meu coração, como o Momofuku Noodle Bar, que tem um lamen maravilhoso (e abriram uma unidade na Columbus Circle) e o Magnolia Bakery (a famosa doceria do Sex and the City , mas que me desculpem os cupcakes, a delicia mesmo  são os bolos e o banana pudding), com lugares que nunca tinha ido. Alguns são bem famosos já dos turistas, como o Carmine´s, um restaurante italiano tradicional perto da Times Square. Eu sempre torci o nariz para comida italiana nos EUA, mas o Carmine´s realmente faz jus ao seu sucesso perene. Os pratos são enormes (dá para compartilhar tranquilamente de 3 a 4 pessoas), não são caros.  A comida é realmente muito, muito boa e saborosa. Mereceu as 2 horas de filas que enfrentamos. Não deixei de comer nas famosas Delis (servem de tudo lá, inclusive um bandejão cheio de comidas gostosinhas e baratas) e na Pret A Manger, que não é americano, mas cheio de comidas rápidas deliciosas e até saudáveis, como um iogurte com granola mara. Fui também no Freeman´s, um restaurante que muita gente me comentou, comida deliciosa e ambiente super fofo, valeu a visita. Comi um creme de alcachofra gratinado que era um colosso, e um file mignon com cebolas caramelizadas  excelente. Nada de novo, mas muito gostoso, nada absurdamente caro.

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Faltou comer várias coisinhas: faltou comer king grab e brownie da fat Witch no Chelsea Market, o famoso hot dog de rua,  o marmitex do Halal Guys, o donut do Doughnut Planet, o brunch da Tiffany´s, da Sarabeth´s ou do Standard. Fica pra próxima.

 

SURPRESAS DE NOVA YORK

Não importa quantas vezes você tenha ido para NY, sempre há algo novo  a descobrir e a ficar aficionada. Eu fui com mais 2 amigas, e por isso acabei fazendo programas que se fosse por minha única vontade, não faria. E no final, graças a eles, amei!

– Central Park. Gosto de ir só para ver esquilinhos. Mas graças a minhas amigas antenadas, vimos uma raridade no lago: um patinho diferentão, que ninguém sabe como foi parar ali. Vimos uma foto de uma blogueira no Instagram, ele todo espalhafatoso e colorido e de repente, tá lá o patinho exuberante dando o ar da graça para nós e para os 100.000 turistas tirando fotos e selfies.

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– Rockfeller Center no dia de Natal. Tem tudo para ser um programa digno de 100 mil milhas no Cartão Funai e é mesmo. Uma montoeira de gente, de turista, de família brasileira, de nova iorquino, para ver uma decoração que vai lá, é bonita. Não tem show, não tem performance, a não ser dos patinadores desajeitados no ringue, mas me diverti horrores.  Vista sua carapuça de turistona e seja feliz.

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Rooftop – ficamos zoando o pessoal que paga pau para essa onda de rufstopi, mas… putz, é legal mesmo, não paga para entrar, a vista é bacana, é um programa divertido. Fomos no Monarch (que fica do lado do nosso hotel, o Courtyard) e no 230th , que é bem famoso entre os brasileiros, mas vai locais lá também. Ambos têm uma vista incrível do Empire State Building. Preços ok de bebida, só não esqueça de levar um documento de identidade, porque eu, do alto de meus 42 anos, não entrava se não apresentasse minha habilitação ou RG ou passaporte.

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– Passar a tarde em um café de loja phyna. Uma pausa no meio de tantas paradas obrigatórias. Fomos no High Line. Fomos no 9/11 (americano é incrível. Faz shopping até no meio do monumento de uma tragédia que vitimou tantas pessoas).Fomos no Central Park. Na National Library. No Rockfela. Na Times Square, na Ponte do Brooklin.

Mas nunca vamos nos esquecer do Reginaldo, nosso adorável anfitrião do Café da Bergdorf Goodman, aliás um café hipster phyno e com preços ok. A bolsa Chanel fica para uma próxima viagem, mas um cappuccino e uma sopinha  num lugar super descolado não mata o budget de ninguém.

 

CENÁRIO FAMOSO – NY toda é instagrameada e filmada. Eu queria comprar um presentinho para minha mãe numa farmácia famosa e antiga, a C.O. Bigelow,  e de lá pegamos a Bleecker Street, uma rua famosona e comprida, para ir até o Magnolia Bakery (tem em outros pontos da cidade, mas o da Bleecker é o famoso). De repente, chegamos no bairro de Greenwich Village, com aquelas casinhas super charmosas antigas típicas Nova Iorquinas, chamada de Townhouses. E uma delas era a da Carrie Bradshaw, do seriado Sex and the City. Claro que tiramos mil fotos , por que não? Esperamos logico passar a fila das asiáticas posando com seus casacos Dior e suas Botas Gucci e fomos lá com nossos casacos da Gap e da Zara, pleníssimas.

 

Bem, é isso. Para quem não sofre muito com o frio intenso, vale a pena ir para Nova York no Natal. O preço dos hotéis não é de alta temporada, a cidade é cheia mas não insuportável, e fica linda decorada e cheia de produtos natalinos!