Digo e assino embaixo que a arte maravilhosa, poderosa e acima de tudo, libertadora do FODA-SE, é adquirida apenas com a maturidade. Quisera eu poder doar um pouco desta sabedoria para as mais novinhas, mas dificilmente  elas poderão compreender e aplicar o mais rápido possível.  Porque tem uma coisa que se chama Vida e isso elas terão que passar para entender. Mas de qualquer forma, deixo aqui o meu relato e quem sabe posso inspirar algumas a adotarem esta prática absolutamente necessária para nossa sanidade mental e espiritual nas muitas décadas a vir ainda.

Como esta arte é muito complexa e maravilhosa, separei em 2 tópicos: os FODA-SE leves e os FODA-SE profundos. Por isso parte 1 e parte 2, lindas.

O FODA-SE SUAVE – PARTE 1

O foda-se suave é aquela atitude subliminar, que você nem percebe que fez, mas depois olha para trás e sente um orgulho danado de você mesma. São pequenas atitudes, são pequenos nãos que você antes não faria.  O foda se é uma palavra forte, mas enxergamos ele em atitudes minimalistas até.

FODA-SE PARA SITUAÇÕES

Situações bestas do cotidiano: alguém te fechou no trânsito e ainda deu um xingo irônico para você (“abre o olho, japonesa”, “tinha que ser mulher”, “vai se f.”). Confesso que nos meus 20, 30 anos até, ficava com raiva o dia inteiro (e talvez o dia seguinte, se estivesse menstruada), me deixava mal-humorada, me dava pensamentos ruins. Só faltava o boneco de macumba para o maldito. Parece que tudo fica pior, tudo fica contra você.

Hoje, se me acontece isso, ainda não consigo ser donzela. Xingo de volta, excomungo, mas o bom é que depois de 2 minutos, aquilo se foi. Um porque com a idade, vou esquecendo mais das coisas. E dois, porque aquilo realmente É TÃO PEQUENO… Você nunca mais vai ver esse maldito pela frente, você não o conhece, ele não te conhece, e no final, você está viva e intacta. Foda-se. Não deixe essa situação estragar o seu dia. Isso é um problema só seu, que está em suas mãos e na sua mente resolver se vai ficar de bode o dia inteiro, não do maldito que te fechou no trânsito.

FODA-SE PARA QUEM TE ENGANOU EM UMA SITUAÇÃO OU POR UM TEMPO

Algum amigo ou amiga sua tá fofocando de você pelas suas costas. Um namorado te traiu descaradamente e você só descobriu depois de uns 3 meses que o namoro acabou e você viu o quanto foi trouxa. Pior, foi com alguém que você nem imaginava. Você foi enganada por uma loja que não lhe vendeu o que prometeu. Bem, é um foda-se em termos. A gente pode ser trouxa, mas de preferência uma vez só. Não podemos ficar a vida inteira desconfiadas de tudo e de todos, isso só nos faz mal.

Fique com raivinha durante uns 10 minutos (ok, talvez 30), depois decida o que fazer com essa informação. Acabar com a amizade, apontar o dedo para o ex, falar mal da loja no Reclame Aqui. Acabou as ações? Foda-se. A vida continua. Nada de ficar remoendo o passado. Mas digo: tomada a decisão, não volte jamais, seja para a amiga falsiane ou para o boy lixo. Trouxa a gente tenta ser apenas 1 vez.

FODA-SE  SE VOCÊ NÃO É BOAZINHA SEMPRE.

Este ano, fiz uma viagem para Bogotá e Lima com meus pais. Apliquei o FODA-SE maravilhosamente bem, modéstia a parte, de maneiras bem diferentes.

Explico: meu pai está com 80 anos. Ele é aquele cara engraçado, porém chatinho, que quando está cansado, com fome ou mal-humorado, sai por aí distribuindo patadas.  No primeiro dia de viagem, pegamos um táxi em Bogotá. O maldito (e aí vai uma dica de viagem: combine SEMPRE o preço da viagem com o taxista antes mesmo de entrar no Taxi, em Bogotá), rodou, rodou e nos deixou  numa rua que não dava para o hotel. Como  era feriado na cidade, muitas ruas estavam interditadas. A Verdade é que o meliante taxista não ligou o Waze para não dar na cara que a corrida custaria muito menos. Daí nos explicou que não podia nos deixar no hotel, e que era a apenas 2 quadras dalí. Bem, as 2 quadras eram na verdade, 6. Imagine eu, papai e mamãe, carregando as malas em calçadas irregulares e cheias de buracos, até achar o hotel. Minha mamis, nota 10, pegou sua malinha e foi andando. Eu, como boa filha,me ofereci para pegar a mala gigante do meu pai que pesava 20 kgs e ele a minha, que não tinha mais do que 5.

No caminho, o chatinho: “mas porque tinha que pegar esse taxi?”, “putz, mas com essa cara de trouxa, bem que ele montou em cima”, “você não viu antes qual taxi pegar para não ser enganada?”, “você não disse que era só 2 quadras? Putz, andamos já 2 km”.

Parei. Respirei. Olhei pra ele. Larguei a mala e disse: “Pegue”. Peguei a minha linda malinha, com 4,5 kgs e saí flanando. O hotel apareceu depois de 1 minuto, verdade.

Meu pai apareceu na porta, depois de 10 minutos,  com o rosto vermelho e quietinho que nem um gatinho.

Nunca  mais (pelo menos na viagem) ouvi um miado do gatinho.

Ou seja: você não precisa ser bondosa todo o tempo. Algumas vezes, muito melhor não ser. Infelismente o ser humano às vezes é uma bosta : se deixar, folga. Não é pessimismo gente, ainda amo a humanidade. Mas a experiência mostra que não há perfeição

 

AGUARDEM: OS FODA-SE PROFUNDOS. ESTES SÃO FODA.