Beach Life On A Rainy Day Character illustration

Semana retrasada, recebi um convite de última hora para ir para Juquehy, no litoral norte de São Paulo. A previsão era chuva para o final de semana inteiro, mas como eu não sou de negar nada, arrumei minha trouxinha e fui.

Já adianto: dessa vez São Pedro não fugiu da previsão do Climatempo, não nos brindou nem com um tiquinho de sol. A única trégua e esperança de um tempo limpo foi no início de sábado, com um mormaço e um céu nublado. Deu para andar na praia, pisar na areia.

Na hora do almoço, uma tromba d´agua de respeito. Nem guarda chuva adiantava.

Isso não tirou nosso brilho. Fomos de sombrinha, minha amiga e eu, passear pela pequena cidade. Fomos no supermercado local, compramos limões e fizemos não apenas limonada, mas belas caipirinhas. Na praia pode beber à vontade.

Descobrimos uma padaria , boulangerie, como quer dizer, de respeito, que não faz feio a nenhum pão artesanal em SãoPaulo. Café delicioso, um disco de chocolate, laranjas cristalizadas e amêndoas maravilhoso, bolos idem. Fomos felizes para nosso AirBNB, munidas de um pão enorme de calabresa. No caminho, ainda paramos e compramos uma caixa de mini coxinhas, e presenteamos as meninas na piscina do condomínio. Alegria total apesar da chuva e do frio: piscina, bóia de flamingo, e caixa de mini coxinhas.  E pisco Sour. E muitas caipirinhas.

A tarde passou rápido, nem deu tempo de cochilar. Preparação para dar um rolê de noite. É muito legal ver as minas e as meninas se maquiando, se produzindo todas (e vejo que preciso de um update no meu guarda roupa). Descobrir com a geração Z que o liptint é o novo gloss.

O gostoso de ir para uma cidade que não é a sua de costume, é que tudo é diferente lá. As lojinhas são diferentes (e lá em Juquehy é uma delicia de ver, e também as barraquinhas de rua, com um artesanato bacana), e ficamos um tempão olhando as novidades de praia.

As pessoas ali estão num astral leve, mesmo com toda a chuvarada. O clima é de alto astral, todas vestidas de roupas de praia, chinelos, e desencanadas, pois Graças a Deus, a violência e insegurança ainda não chegou no Litoral Norte.

Comemos poke, fizemos uma cesta de docinhos para comer na larica da madrugada, e ainda arrematamos com uma cesta de churros dignos espanhóis, daqueles bem fininhos e crocantes e com um potinho de doce de leite argentino para chuchar.

E choveu. Muito. Uma delicia de dormir a noite, e dormi um sono profundo, que coitada das meninas do quarto ao lado, disseram que foi uma sinfonia só. Não escutei nada, então pode ser boato.

Acordamos, fizemos uma mesa mara de café da manhã, com frutas, pães, frios, ovos e doces.

Tava chovendo forte, mas eu e minha amiga persistente ainda fomos andar a praia. Andamos a praia inteira, mesmo na chuva, admiramos as casas de frente para o mar, e paramos ainda na boulangerie fina, de respeito. Mais um cafezinho, mais um bolo delícia. E não ficamos gripadas. Acho que o coração aberto e alma leve dá um up na imunidade.

Na volta, já que estávamos na praia, e porque não, já era 11 hs, fizemos mais uma rodada de bebidas. E para o almoço num restaurante bacanudo, teve sessão de looks, teve  sessão de maquiagem. Só para calibrar para um almoço demorado, com frutos do mar fresquinhos, com a visão do mar. Lula a dorê, um caldeirão de bobó de camarão, casquinha de siri. Na praia, os frutos do mar têm mais sabor.

Nublada, mas era areia e oceano, em vez de prédios cinzentos e buzinas de carros. E foi um almoço gostoso, com pessoas ao nosso redor que não tinham a pressa nem nada, apenas de estar ali na praia, e ficar proseando na mesa.

Voltamos, fizemos um café para encarar a estrada, comemos a cesta de docinhos. Em 3 horas estávamos de volta a selva de pedra.

Para muitos que me indagaram porque aceitei um convite na praia com certeza de chuva, digo o seguinte: 

Se ficasse em  São Paulo, e o clima tava do mesmo jeito, eu teria pedido um delivery sem graça, teria jantado, almoçado  sozinha, teria tido um café da manhã bem insosso, com uma barra de cereais. Talvez teria ido no shopping, gasto uma grana maior ainda, e ficado de ressaca de ver Netflix a noite inteira.

Eu provavelmente não teria ido a nenhuma boulangerie, a nenhum restaurante bacanudo, pois São Paulo em dias de chuva trava, as corridas de Uber triplicam de preço e as ruas à noite continuam perigosas para se andar a pé desprevinida.

Eu não teria feito looks, me arrumado, me maquiado, ter batido papo com minhas amigas.

E posso dizer mais: no domingo já´que estávamos encharcadas da chuva, entramos no mar e tudo, felizes da vida e tiramos a zica. Banho de mar, alma lavada.

Eu digo: previsão do tempo é um mero detalhe. Vá se divertir. Passamos muito tempo confinados.

 A vida é boa.